Introdução
À medida que se
aproxima o século XXI, a comunidade empresarial brasileira e, por que
não dizer mundial, tem à frente grandes desafios e também grandes
oportunidades.
Oprimido por uma postura histórica de
mercados fechados e de recursos naturais, subutilizados, o Brasil se
depara hoje com as exigências de um novo mercado globalmente
competitivo. Em uma economia interligada por redes eletrônicas em tempo
real, a distância geográfica não mais existe. O isolamento acabou e os
blocos econômicos, a exemplo do Mercosul, ganham outros mercados e
passam, a competir com as grandes potências mundiais.
O Brasil está reagindo a estas mudanças e
abre suas portas e janelas para uma nova era. A tarefa não é simples,
mas está nas mãos dos empresários moldar o futuro, ao invés de ficar a
serviço dele. Nenhum país ou empresa pode ignorar as mudanças globais
nos setores econômicos, político e tecnológico.
Hoje, os avanços tecnológicos, comercias
e nos mercados financeiros ocorrem com muita rapidez e as empresas que
não seguirem o mesmo ritmo ficarão para trás.
Mesmo dentro dos limites regionais, as
novas ferramentas destinadas a melhorar processos, aumentar eficiência, e
treinar funcionários e a promover a interação com clientes estão
transformando, da noite para o dia, antigas empresas em modernos
empreendimentos e criando novos líderes de mercado.
A queda das barreiras comerciais, o
alinhamento dos sistemas produtivos em grandes blocos econômicos e o
fenômeno da globalização da produção e dos mercados vêm, paulativamente,
mudando as estratégias de ação das empresas. Maturada a partir de
meados da década de 80,-"na esteira do desenvolvimento do comércio
internacional e dos avanços tecnológicos, a globalização econômica é uma
realidade já suficientemente palpável para obrigar organizações a,
gerir seus negócios balizadas pelos parâmetros da competitividade,
qualidade, produtividade e excelência de gestão.
Independente do porte ou setor de
atividade da empresa, sua estratégia de operação deverá sempre levar em
conta o objetivo maior da chamada "vantagem competitiva".
Quanto mais valor agregado ao produto ou serviço oferecido ao mercado, mais essa vantagem será convenientemente alcançada.
E a comunicação joga nesse campo um
papel fundamental: seja no sentido de promover a coesão interna em torno
da qualidade do produto, dos valores e da missão da empresa, seja no
trabalho de aumentar a visibilidade pública da organização e na
divulgação de seus produtos e serviços. Num cenário globalizado, a
informação - e as formas de comunicar produtivamente essa informação -
revela-se uma arma poderosa de gestão empresarial. Isso, se aplica tanto
à comunicação interna e corporativa como às ações de fortalecimento da
imagem institucional, relações com a imprensa e governos, marketing,
propaganda e promoção.
A comunidade empresarial brasileira
precisa se esforçar para competir nos mercados globais, sem perder de
vista as mudanças que ocorrem em outros setores e que terão impacto
decisivo na próxima década. É na concorrência com os melhores que a
habilidades, talentos, produtos e serviços de qualquer empresa podem-se
tornar, de fato, competitivos.
Estamos na Era da Informação, um momento
onde a comunicação e troca de experiência também ganharam seu lugar e
passaram a ser o diferencial dos negócios. Hoje se aprende errando, ou
melhor, se aprende com os erros dos outros. A mídia promoveu isso, ela
entrou nas fábricas, trouxe a noticia ao consumidor, apresentou aqueles
que fabricam a nossa pasta de dente preferida e hoje ela pode ser
melhor, se assim quisermos.
O segredo não é mais a alma do negócio,
afinal, nós, consumidores de pastas de dentes, lasanha congelada e pizza
semipronta queremos saber o que acontece lá no chão da fábrica,
queremos ver o que a empresa X ou Y promovem aos seus funcionários e à
comunidade de seu entorno. A concorrência quer saber o que está sendo
feito na melhoria da comunicação interna, pois bons resultados devem ser
copiados, devem ser compartilhados.
Esta é a mentalidade que vem crescendo no mercado.
A comunicação empresarial tem se
mostrado imprescindível no sentido de melhorar a relação com seus
públicos. A cultura do uso da informação como forma de gestão traz
resultados aparentes nas empresas que já utilizam o processo. Exemplos
como a Xerox do Brasil e a Rhodia, pioneira no assunto, prova que
desfiar o que há de melhor no mercado mundial é o cantinho para
aperfeiçoar e melhorar produtos, a qualidade e os serviços.
Hoje o funcionário é parceiro, não mais empregado. A “família empresa” não tem segredos, tem respeito.
Porém, como a comunicação implica em
visibilidade - o que em muitos casos pode significar vulnerabilidade - o
processo de implantação de um projeto de comunicação dentro da empresa
tem um caminho a seguir.
O “media training” nasceu dessa
necessidade de acompanhamento e preparação para a nova realidade, onde
jornalistas parecem mais presentes na empresa, mais curiosos, mais
embasados sobre os negócios da corporação. Desta forma, empresários
passaram a ser preparados para o trato com a imprensa, com a mídia, com
seus públicos e, gradativamente, esse processo evoluiu, saindo das
técnicas básicas de “olhe para a câmera” e partindo para o valor que o
espaço cedido pelo repórter tem. Aliás, cada situação tem suas
características próprias, cada empresa tem seu público alvo, mas o
empresário deve estar apto a lidar com isso.
O que já soou a “modismo” ganha as
livrarias e as bancas de jornal em publicações aos montes falando do
perfil do "empresário do novo milênio- um ser digital, antenado a toda e
qualquer tendência do mercado mundial e que convive, de forma pacífica,
com a comunicação dentro de sua empresa. Exageros à parte, conhecimento
é diferencial, e inovação é prioridade.
O conhecimento sempre foi importante,
não é à toa que somos o homo sapiens, o homem que pensa. Ao longo da
história, a vitória ficou nas mãos de pessoas que estavam na vanguarda
do conhecimento: os guerreiros primitivos que aprenderam a fazer suas
próprias armas, as empresas norteamericanas, durante centenas de anos
beneficiárias do sistema de escolas públicas mais abrangente do mundo,
que lhes proporcionou uma força de trabalho bem instruída.
Mas o conhecimento é mais importante do
que nunca. Nosso estoque de capital intelectual é importante porque
estamos no meio de uma revolução econômica que está criando a Era da
Informação.
Para entender o que é capital
intelectual, o motivo de sua importância e como aumentá-lo e
gerenciá-lo, é crucial entendermos o que significa “Era da Informação".
Este curso mostrará como o conhecimento assumiu um papel dominante em
nossa economia, nossas empresas e nosso trabalho.
Trata-se de um campo de atuação em pleno
crescimento, aplicado não só aos responsáveis pela comunicação
empresarial - papel de jornalistas, relações públicas, publicitários e
profissionais de marketing - bem como ao próprio empresário que, como
evidenciado pelos autores, necessita de um alto grau de adaptabilidade
às novas exigências do mercado mundial.
Tornou-se um clichê comparar esse
acontecimento do final do século XX - o surgimento da Era da Informação -
aos deslocamentos e à transformação que marcaram a Revolução
Industrial, há quase 200 anos.
Lugar-comum, mas verdadeiro, vale a pena
recordar um pouco dessa história por dois motivos: primeiro porque ela
nos ajuda a sentir a magnitude do que o futuro nos reserva; segundo,
porque existem paralelos instrutivos entre parte do sofrimento econômico
de nossa era e as lutas da Revolução Industrial.
Bem vindos à Revolução!
Comunicação Empresarial
Dois
personagens são lembrados quando se tenta delimitar o período em que o
consumidor passou a ser o centro das atenções. Afinal, é ou não ele quem
compra aquilo que produzimos? O término da época caracterizada pelo
descaso e pela esperteza no trato com a clientela, foi capitaneada por
empresários como William Vanderbilt, o famoso autor da frase “o público
que se dane”, proferida ao ser inquirido por um repórter sobre o que
dizer às pessoas envolvidas num grave acidente com uma composição de sua
estrada de ferro. Ou ainda Phineas Barnum, proprietário do Circo
Barnum, considerado o príncipe da mistificação e o símbolo de uma época
ao afirmar: “A cada minuto nasce um tolo e eu me aproveitarei dele”.
Globalização, público mais exigente,
preocupação com o meio-ambiente, sindicatos trabalhistas, esses são
alguns dos fatores que fizeram com que as empresas atentassem para
maiores investimentos em comunicação.
Em tempos difíceis da economia, as
empresas precisam de saídas criativas para resolver seus problemas, e a
comunicação toma uma importância muito grande, aparecendo como
alternativa para essa situação.
A empresa busca atingir a ideal
performance da comunicação provendo as pessoas de informações corretas,
no lugar certo, no tempo exato e na forma apropriada em todos os níveis,
áreas o setores. Teoricamente, aquela que não desenvolve estas funções
de forma adequada tende a perder visibilidade, transparência,
oportunidades, novos canais de comunicação, negócios e, principalmente,
clientes em potencial.
Kunch (2000) sob o ponto de vista
acadêmico, afirma que o uso da informação como ferramenta de gestão
eficaz defendido pela Comunicação Empresarial possui, no Brasil, um
agravante: além da dificuldade de implementação de política de
comunicação dentro das empresas, a produção nacional de Comunicação
Empresarial ainda é escassa se comparada à americana. Marilene Lopes
(2000) atribui tal escassez aos períodos de ditadura e mercado fechado
por quais o país passou nas décadas de 60 e 70. O mesmo não aconteceu
com os países considerados de "Primeiro Mundo", onde há muito a
comunicação é utilizada pelas empresas de vanguarda como instrumento
estratégico para atingir resultados de negócios.
Aliás, o nosso país não tem a cultura de produzir "gurus"de gestão administrativa. Como afirmado por Kunsch:
“Pode-se dizer que não há no contexto da
realidade brasileira e até por que não dizer ibero-americana uma
tradição e mesmo volume de conhecimentos acumulados capazes de formar um
corpus teórico de Comunicação Organizacional”.
Dentre os autores que discutem o assunto, Roger Cahen (1 990) tem uma das mais claras definições.
“Comunicação Empresarial é uma atividade
sistêmica, de caráter estratégico, ligada aos mais altos escalões da
empresa e que tem por objetivos: criar - onde ainda não existir ou for
neutra - manter - onde já existir - ou ainda, mudar para favorável -
onde for negativa a imagem da empresa junto a seus públicos
prioritários”( 1990 : 32)
O ponto comum entre os diversos autores é
o fato de empregar o termo Comunicação Empresarial como sendo o
conjunto das práticas da construção da imagem de uma empresa frente ao
seu público interno e externo.
Hoje esta preocupação apresenta-se mais
segmentada, o que deu surgimento a técnicas específicas preocupadas com
cada público e seu papel na comunicação.
O pioneirismo acadêmico coube a
Gaudêncio Torquato que, em 1972, defendeu a tese de doutorado
"Comunicação na empresa e o jornalismo empresarial". Uma outra
importante iniciativa deve ser ressaltada: a criação da ABERJE -
Associação Brasileira dos Editores de Revistas e Jornais de Empresa, em
outubro de 1967 durante o 1 Congresso Nacional de Editores de Revistas e
Jornais de Empresa, realizado em São Paulo.
O fruto das pesquisas que efetuou na
área de comunicação empresarial foi o livro "Jornalismo
Empresarial"(1985) que já na sua introdução sentencia:
“Um dos fenômenos mais característicos
das modernas sociedades industriais é o crescente uso das funções de
comunicação para sobrevivência, desenvolvimento e prosperidade das
organizações. Repartidas e esboçadas de acordo com os diversos modelos
organizacionais e assumindo importância cada vez maior, as funções
comunicativas engajam-se definitivamente nos desenhos de estruturas de
pequenas, médias e grandes empresas” (1985 : 11)
Convencionado pelo autor como
“Jornalismo Empresarial”, dada a importância como veículo de informação,
o termo fundese às Relações Públicas e à Propaganda, formando o tripé
clássico organizador dos fluxos irradiadores de opinião em torno das
organizações.
Vale ressaltar que os corpos de conceitos destas áreas adequaram-se, gradativamente, às necessidades de crescimento empresarial.
À Propaganda coube o papel de
responsável pelo desenvolvimento do segmento comercial, sofisticando sua
matricial ramificação ideológica. Já as Relações Públicas, esta assumiu
feição de complexo sistema de influências, criando sólidos vínculos
entre organização e seus públicos, contribuindo para manter clima de
favorecimento em torno das atividades empresariais.
Como afirmado por Nassar, o tema tomou
proporções animadoras e empresários brasileiros já encaram a Comunicação
Empresarial como uma eficiente ferramenta estratégica, aceitando esta
atividade como investimento ao invés de despesa. Anteriormente a
comunicação era percebida de forma errônea como um custo que não produz
um retomo mensurável. Outra razão pela qual ela tem sido negligenciada
como prioridade administrativa ao longo dos anos é que o seu impacto não
tem estado visível nos resultados finais.
Paulo Nassar, estabelecendo relação
entre a Comunicação Empresarial e a imagem institucional, afirma que de
nada adianta formular campanhas publicitárias mirabolantes se não houver
preocupação com o caráter estratégico e permanente da formação de
imagem empresarial:
“A sociedade e o mercado consumidor
tornaram-se bastante hostis às ’empresas analfabetas’, que não aprendem a
escrever, ouvir, falar, se expressar e, principalmente, dialogar no
ambiente em que atuam”. (1995 : 12)
Entretanto, ao mesmo tempo em que o
mundo ganha velocidade, interligado por avançadas tecnologias de
comunicação, aumentam também o potencial de danos provocados por
comunicações mal feitas. A boa nova era a de que os executivos podiam,
se assim desejassem, conversar com o seu públicos (clientes,.
empregados, fornecedores) em muitos locais e ao mesmo tempo através do
uso da Internet. A má notícia é que os riscos aumentaram e, que ele
também, se não preparado adequadamente, pode ser visto hesitante e
atrapalhado, fazendo declarações frívolas no noticiário das seis.
Peter Drucker (2000) alerta que, antes das mudanças, o empresário deve se perguntar se elas são uma oportunidade ou uma ameaça.
Há enormes vantagens em eficiência com
base nas novas tecnologias, a otimização da comunicação é apenas uma
delas. Porém, inovação é, hoje, sinônimo de mudança gerenciada.
A Internet é, sem dúvida, a mais bem
sucedida das tecnologias de informação, além de uma das grandes
invenções das telecomunicações. Possibilita o contato entre pessoas,
empresas, universidades e todo o tipo de instituições nos vários pontos
do globo, juntando diferentes culturas, permitindo a criação de novos
conhecimentos, trocas de informação, diálogos, entrevistas, conferência,
debates e encontros dos mais diversos tipos, enfim, é a "mão na
roda"para todo e qualquer setor da sociedade. Acesso irrestrito a
informações, em tempo real e ao preço de uma chamada local.
Para as empresas, traz muitas vantagens,
já que reduz os custos de comunicação, permite estar contatável 24
horas por dia, as trocas e pedidos de informações são maiores e mais
rápidos, e melhor ainda, possibilita a promoção de seus produtos sem
gastos como impressão de catálogos, envelopes, selos. Permite ainda,
assim que a empresa desejar, fazer vendas através da rede.
Visto por este prisma, realmente a
Internet só traz benefícios e, com a sua chegada, a voracidade por estar
"plugado"com as novas tecnologias fez surgir uma avalanche de
home-pages institucionais. Ter um site chegou ou a ser ponto de honra
entre as empresas, porém ainda falta, para algumas, atenção com o
conteúdo destas novas portas abertas a seus públicos. Muitas delas não
deixam a desejar e já oferecem serviços on-line - a exemplo dos bancos,
lojas de departamentos, supermercados e livrarias - mas a grande maioria
peca na objetividade e falta de informações sobre a própria história,
seus produtos, seus empregados e serviços.
Deve ser ressaltado que, da mesma forma
que a empresa utiliza a Internet para oferecer informações sobre os seus
produtos, ela necessita estar preparada para extrair desse convívio
virtual, o feedback do cliente que indica pontos de melhoria, opiniões e
sugestões de novos produtos e serviços.
Uma pesquisa realizada pelo IBOPE
levantou dados que apontam 4,7 milhões de consumidores pretendem acessar
a Internet ainda nos próximos seis meses. Levando em conta que, também
baseado nos números da pesquisa, a maior parte dos potenciais intemautas
estão na classe A e B, ou seja, pessoas com alto poder de compra. Mas
um dado alarmante deve ser levado em conta: daqueles que estão
trabalhando, apenas 7% eram empresários, seguidos de 14% identificados
como diretor e/ou gerente.
Apesar da pesquisa não tratar
diretamente da relação empresário/comunicação, ela aponta um número
quase insignificante de representantes dos altos escalões das empresas
familiarizados ao meio digital. Seja qual for o canal de comunicação
escolhido, o importante é que envolva toda a organização, seja direto,
regular e, sobretudo, personalizado.
Em um programa estruturado de
Comunicação Empresarial é seguido um modelo adequado às necessidades
próprias do cliente, o que assegura fluxos regulares de informação entre
a organização e seus públicos, de forma a manter o equilíbrio do
sistema/empresa.
Sistêmico implica o fato de que a
Comunicação Empresarial preocupa-se com o conjunto visando um objetivo
único, e não ações isoladas. Para tanto, nos Departamentos de
Comunicação foram acrescidos profissionais de marketing e relações
públicas, hoje respon-sáveis por atender às demandas internas e externas
não se prendendo apenas aos releases e contato com a imprensa. A
chegada das tecnologias de informação trouxe consigo novas ferramentas e
’mais trabalho.
Ainda na lista de prioridades da
comunicação são necessários profissionais especializados em
"endomarketing”, assessoria de imprensa, relações públicas, recursos
humanos, além de áreas adjacentes focadas na política da empresa em que
atuam.
As pequenas e médias empresas,
desprovidas de departamentos de comunicação e mesmo de planos de
comunicação definidos, ainda encontram nas Assessorias de Imprensa
privadas, o meio mais conveniente e cômodo de passar adiante suas
filosofias e manter contato com tendências e perspectivas do seu setor.
Mas não é só isso. O cuidado e formação positiva da imagem empresarial
devem ser permanentes visando o respeito tanto de seu consumidor, como
de seus empregados. Como afirmado este processo depende do constante
apoio em estratégias de ações conjuntas, contínuas e disciplinadas.
E cabe, ainda, ao grau de envolvimento do próprio executivo em tais ações.
Corrado (1994) prevê novos horizontes.
Segundo ele, as coisas mudaram e a administração deve estar disposta a
assumir o "risco"de comunicar informações. “Uma das razões é a
necessidade de reagir aos desafios do mercado público”. Realmente,
trocas de executivos, fechamento de fábricas e produtos fracassados não
ficam mais entre as quatro paredes do escritório central. Os executivos e
suas equipes exercem poder de vida e morte sobre a vitalidade econômica
de muitas comunidades e, negligenciando seu envolvimento, a empresa é
forçada a enfrentar as consequências.
A abertura das fronteiras econômicas e
retomo à liberdade de expressão nos anos 80 aproximou jornalistas e
empresários. Ambos descobriram interesses em comum: jornalistas
vislumbraram um mundo fascinante e rico em notícias e os empresários,
desacostumados com a presença dos repórteres foram, pouco a pouco, se
abrindo ao diálogo.
Porém, como apontado por Carlos Augusto
Salles, presidente da Xerox do Brasil, para a maioria das empresas que
operam no país, até mesmo para algumas subsidiárias das multinacionais,
persistia o medo de falar mais abertamente dos seus negócios. Prevalecia
o receio de ser mal interpretado, de fornecer munição aos concorrentes e
até mesmo de abrir flancos para uma muito temida intervenção
governamental.
Paulo Nassar (1997) coloca as empresas modernas como veículos de comunicação em si mesmas. A ver:
“Na década de 80, era comum presidentes e
diretores de empresas passarem por media trainings. Atualmente, essa
necessidade continua presente, só que ampliada para toda a organização”.
(pg. 12)
Media Training
Apontado como o
primeiro passo em um plano de comunicação, o media training insere a
primeira célula de conscientização da importância que a comunicação
exerce na empresa. O primeiro público são os próprios empresários,
seguidos de seus chefes de departamentos e gerentes. Segundo Nemércio
Nogueira (1999), os resultados serão sentidos por todo o conjunto
interno e externo de públicos, criando assim um fluxo transparente de
informação sob os canais mais competentes e especializados para tal.
A princípio, deve ser ressaltado que o
media training trata da relação empresário/mídia, atentando assim para a
interface entre a instituição e o "mais multiplicador dos públicos",
como apontado por Nemércio Nogueira (1999). Porém, com o desenvolvimento
de novas técnicas de capacitação, além da necessidade de informações
adjacentes ao dia-a-dia da empresa, o media training foi estendido a
toda a empresa e perde o caráter eminentemente prático, apenas ensinando
a falar olhando na lente da câmera, por exemplo. Hoje os “comos” não
mais satisfazem a comunicação empresarial, é preciso explicar os
“porquês”.
O termo “imagem” sintetiza todo o desejo
que circunda o tema aqui discutido. Segundo Villela (1998), o
dicionário Aurélio dá para a palavra a definição de conceito genérico
resultante de todas as experiências, impressões, posições e sentimentos
que as pessoas apresentam em relação a uma empresa, produto,
personalidade, entre outras coisas. Porém, a forma que uma imagem se
apresenta hoje para nós, pode se mudada com o tempo, com novas
experiências. A boa imagem de ontem pode ser o pesadelo de amanhã.
A autora atribui à Opinião Pública grande parte destas mudanças de conceito:
“Ela é a encruzilhada onde se encontram
as idéias vindas dos mais diversos grupos e que se exprime e se
modifica, sem que necessariamente os indivíduos estejam fisicamente
juntos; a discussão livre de uma controvérsia e a decisão ou opinião
coletiva que gera a imagem que desejamos ter” (1998 : pg XIII)
Numa breve análise introdutória vemos
que, apesar da segmentação dos públicos - efeito causado pela
tecnologia, em especial com a Internet e os canais de pay-perview - os
vários veículos possuem características bem diferentes que devem ser
levadas em consideração. Repórteres de rádio pedem sonoras de
transmissão ao vivo, ou seja, quanto maior a prolixidade do
entrevistado, maior a chance dele ser "cortado". Existem os programas
mais sensacionalistas, os mais objetivos, os mais opinativos. As
revistas mensais possuem um tempo maior para fechamento de suas pautas,
as semanais não possuem a mesma flexibilidade para participar de
coletivas promovidas pelas empresas. Finalmente, cada situação tem suas
características próprias. E o empresário deve ser familiarizado com
isso.
Tanto literatura acadêmica, quanto às
revistas direcionadas ao público empresarial (Exame, Você S/A)
enfatizam, a cada edição, conselhos e novas tendências da administração e
sua convivência pacífica com a comunicação.
Seja qual for o veículo, o repórter vai
sempre em busca de respostas para perguntaschave: o que, quem, quando,
como, onde e por quê. Mesmo parecendo simples, elas são capazes de
dificultar a performance de um entrevistado. Portanto, é necessário ter
sensibilidade para perceber qual pergunta pode provocar maior
repercussão frente à Opinião Pública.
Villela (1998) aponta dois exemplos clássicos, onde a resposta não satisfez o contexto.
O primeiro é o do ex-prefeito de São
Paulo, Paulo Maluf, quando questionado sobre a violência contra
mulheres: “Estupra, mas não mata!”. Isso vai ser sempre usado contra
ele. O seguinte é o do expresidente da FIESP - Federação das Industrias
do Estado de São Paulo, Mário Amato, quando teceu o seguinte comentário
sobre a ex-ministra Dorothéa Werneck: “Apesar de mulher, ela é muito
inteligente”.
Nogueira (1999) apresenta em seu livro
“Media Training - Melhorando as relações da empresa com os
jornalistas... de olho no fim da Comunicação Social”, um complexo
diagnóstico sobre esta delicada relação existente entre a imprensa e a
empresa.
Em seu estudo, baseado em seu próprio
trabalho frente à empresa R.P. Consult, ele discute desde as
expectativas dos jornalistas e sua função social, até os novos
paradigmas da comunicação e seu impacto sobre a imagem empresarial.
Partiremos aqui da compreensão do autor
sobre a comunicação empresarial como sendo o “conjunto de técnicas
através das quais a empresa ou entidade se relaciona institucionalmente
com os diversos ’públicos’, ou setores da opinião pública, que lhe são
relevantes “ (Nogueira, 1999: 27)
O grande alerta é, sem dúvida, com
relação à atualização e acúmulo de conhecimento em sua área de atuação.
Informações sobre tecnologia, finanças, mercado, pesquisas de consumidor
e internas, aceitação de produto e, principalmente, comunicação são as
mais apontadas na literatura administrativa como sendo alicerce para o
devido entendimento do mercado em que cada empresa atua.
Como citado por Mauro Salles no prefácio do livro de Nemércio Nogueira:
“Se já não existe o ’no profile’ e se a
comunicação com os vários públicos - internos e externos - é cada vez-
mais essencial e valiosa no mundo empresarial, temos que entender que o
gestor moderno, o novo empresário, o novo executivo, precisa ser um
comunicador. Não dá mais para ser apenas um profissional (ou um herdeiro
... ) treinado em finanças, em tecnologia, em processos industriais e
comerciais. Se não entender o papel da comunicação no seu negócio e se
não fizer de seu posto ou de sua missão uma plataforma de comunicação,
ele certamente vai ter dificuldades. E estas não poderão ser corrigidas
por excessos de delegação ou pela velha prática que acredita que a boa
comunicação dependia apenas de sorrisos e tapinhas nas costas”
(Nogueira, 1999: 15)
A procura por este tipo de "capacitação"
tem se dado também devido à crescente sofisticação organizacional, além
do surgimento de grandes companhias fruto de fusões, onde a figura do
porta-voz perde a sua importância. A interface com a imprensa aumenta, o
fluxo de informação exige o pronto atendimento e entendimento com a
mídia.
Uma das questões que em muito preocupam
os profissionais de Comunicação Empresarial e, inclusive, uma das mais
colocadas pelos responsáveis por cursos de media training é a existência
das "demandas positivas" e as "demandas negativas"de notícias na
imprensa sobre determinada empresa, esta última é caracterizada pelas
temíveis situações de crise. Já a primeira, menos comum às matérias
jornalísticas, pois não geram manchetes, podem ser usadas como aliadas
na divulgação de resultados positivos, a exemplo de fatos que revelem
inovação, progresso, ampliação da consciência social, melhora dos
padrões de vida, valorização da arte e da cultura, enobrecimento do ser
humano, geração de lucros e riquezas.
Com Villela vemos a questão do relacionamento empresa/mídia:
“As empresas sabem que o bom relacionamento com a imprensa, quando sério e independente, pode oferecer apoio
indireto às suas iniciativas, assim, como nas críticas, ela será criteriosa e imparcial. Isso ocorre se a comunicação é frequente, numa política de portas abertas. Divulgar, através da imprensa, iniciativas, lançamentos e investimentos, além de esclarecer dúvidas ou curiosidades sobre a organização, produtos e serviços, é uma ótima via de interação com a sociedade” (Villela, 1998:29)
indireto às suas iniciativas, assim, como nas críticas, ela será criteriosa e imparcial. Isso ocorre se a comunicação é frequente, numa política de portas abertas. Divulgar, através da imprensa, iniciativas, lançamentos e investimentos, além de esclarecer dúvidas ou curiosidades sobre a organização, produtos e serviços, é uma ótima via de interação com a sociedade” (Villela, 1998:29)
Apresentado desta forma, o “media
training” mais parece um treinamento de caráter apenas defensivo, e não
deve ser tratado assim. Dentre as missões da comunicação empresarial,
esta não explícita nas definições acadêmicas, está a de prover as
ferramentas necessárias também para a inserção da empresa nos processos
que regulam a vida nacional, como as estruturas governamentais e
legislativas. Antes, um esclarecimento, o objetivo pretendido não é o de
manobrar órgãos públicos, mas adquirir condições de acesso e
credibilidade junto às decisões que possam defender ou promover os
interesses corporativos de determinada empresa ou setor.
Empresários, diretores e gerentes estão longe de ser os únicos alvos da imprensa.
Hoje cresce a tendência por ouvir também
o empregado. Um bom exemplo disso é o Guia Exame "As 100 melhores
empresas para você trabalhar", uma iniciativa que abre portas para as
empresas, dá-lhes visibilidade, além de fortalecer vínculos com seus
funcionários e clientes.
Na publicação foi feito um levantamento minucioso das empresas que são benchmarking em práticas e políticas de recursos humanos.
Cerca de 900 empresas foram convidadas a
participar e, após de desistências e eliminações, 281 chegaram ao fim
do processo de seleção. A média de satisfação das melhores ficou em 78, o
que significa 78% dos funcionários das 100 melhores empresas se dizem
satisfeitos.
José Tolovi Jr., diretor no Brasil do
Great Place to Work Institute, consultaria americana que trabalha em
parceria com a EXAME neste projeto, lembra que a comparação de
resultados com pesquisas realizadas em outros países favorece o Brasil: a
média americana deste ano é de 82 pontos, seguidas da média brasileira,
78 pontos e das médias suíça e portuguesa que são de 74 pontos.
Apesar da pequena diferença de quatro
pontos e dada as devidas proporções, o Brasil possui hoje, segundo a
pesquisa, 100 empresas exemplares.
O objetivo deste ranking é, segundo
Maria Amália Bernardi12,estimular as empresas a melhorar sempre seus
esforços em Recursos Humanos, dando maior atenção ao “cliente interno”.
Endomarketing
“Endo” provém do grego e quer dizer ação interior ou movimento para dentro. Endomarketing é, portanto, marketing para dentro.
A prática do endomarketing, como
conceituado por Analisa Brum, nasceu da necessidade de se motivar
pessoas para programas de mudança que começaram a ser implementados a
partir da década de 50, no mundo inteiro.
E como já afirmado por Nassar e agora
reiterado por Analisa Brum (1998), o "homem" deve ser visto como o
elemento principal de todo e qualquer processo de mudança e de
modernização empresarial, pois as mudanças, quando implementadas,
esbarram em formas tradicionais e conservadoras, capazes de desencadear
um estresse organizacional que dificulta e impede o desenvolvimento
pleno de qualquer atividade.
Na visão de Brum (1998), o que aconteceu
na maior parte das empresas, foi o desabamento na pirâmide
organizacional em relação ao grau de comprometimento das pessoas com os
programas. Sabe-se que ainda hoje o envolvimento maior se dá na parte de
cima da pirâmide (alta direção e gerências).
A base da pirâmide (supervisores e
funcionários comuns) continua tendo envolvimento menor, a não ser que a
empresa coloque à sua disposição as informações de que necessita para o
engajamento total. E um programa de endomarketing bem feito é capaz de
tornar o funcionário um ser comprometido com a nova postura da empresa e
com a modernidade, cada um em sua área de atuação e através do seu
trabalho.
A autora faz analogia ao intercâmbio de
conhecimentos feito entre americanos e japoneses ainda na década de 50,
quando os primeiros passaram tudo o que sabiam sobre metodologias
estatísticas e foram retribuídos com a importância do trabalho em grupo,
da reunião de pessoas em torno de um mesmo objetivo. Os famosos
"círculos de controle de qualidade"criados pelos japoneses fizeram-nos
emergir já na década seguinte da crise do pós-guerra, quando sua
indústria civil ia mal.
“A expressão ’Total Quality Control’ vem
da tradução inglesa da palavra japonesa Kanri que, para eles, não
significa apenas , ’controle’. Significa, também, ’remover obstáculos’.
Mas remover obstáculos para quê? Para que todos olhem para a mesma
direção.
Esta definição, além de curiosa,
coincide com o principal objetivo do endomarketing: fazer com que todos
os funcionários tenham uma visão compartilhada sobre o negócio da
empresa, incluindo itens como gestão, metas, resultados, produtos,
serviços e mercados em que atua”(1998:15)
Aliado a todo o trabalho de motivação
dirigido aos funcionários está a informação coerente, clara, verdadeira,
lógica, centrada e bem trabalhada. Visto desta forma, a informação
transformas e na maior estratégia de aproximação empresa / funcionário.
Continuando com Brum (1998), vale
lembrar que a informação oficial, dentro da empresa, é de domínio da
direção. Cabe à direção o envio, ou não, de determinada decisão que,
mais tarde, transformada em informação para a base da pirâmide. A demora
no envio desta informação pode ocasionar o que a autora denomina
“entropia da informação”, um dos fatores que em muito desmotiva o
funcionário.
“A realidade e o alcance da entropia da
informação, como é chamado este processo, foram estudados pela moderna
psicologia experimental. Uma informação que é transmitida de
boca-em-boca, por um certo número de pessoas, sofre alterações
cumulativas ao longo do caminho.
A falta de canais e instrumentos
oficiais de comunicação interna determina o cenário adequado para que a
entropia da informação atue, provocando uma opinião interna negativa e
contrária aos objetivos da empresa “(1998:31)
Quando as denúncias de irregularidades -
um dos maiores fantasmas dos departamentos de comunicação - parte dos
próprios empregados, se instaura o caos, pois, fundamentadas ou não, seu
poder de influência é muito maior se partisse de outros setores da
opinião pública. Mas mesmo que este tipo de atitude não saia dos muros
das empresas, ainda em forma de boatos podem levar instituições e
produtos à ruína.
Há poucos anos um caso foi constatado no
Brasil com uma grande montadora de veículos, quando, por falta de
informação e diálogo, funcionários comentaram com amigos e parentes a
suposta saída de um modelo das linhas de montagem. À empresa restou
apenas investir em intensas campanhas para a reconstrução da imagem do
veículo que, por pouco, não foi destruído. Uma maior atenção ao trabalho
preventivo de comunicação interna teria poupado muitos destes gastos.
Duas estratégias básicas são
relacionadas ao endomarketing segundo o trabalho de Analisa Brum (1998).
A primeira foca a visão da direção com os propósitos e objetivos da
Organização. Um exemplo comum são os programas de mudança de cultura
interna visando modificar a atitude de seus funcionários buscando
compromisso e lealdade com os princípios da empresa. A segunda
estratégia diz respeito à tarefa, focando a comunicação de questões
específicas quanto ao trabalho em si. Inclui ainda a coleta de opinião
dos funcionários sobre maneiras de melhorar desempenho e novas formas de
trabalho.
Neste caso, os objetivos estão diretamente relacionados à eficiência dos métodos de produção.
A autora relaciona estes dois pontos a
ambientes saudáveis de entrosamento entre direção e funcionários:
“Vivemos o fim da revolução e a era da reinvenção da mudança pacífica.
Isso significa que somente num clima favorável é possível gerar novas
idéias, fomentando novas descobertas, estruturas e dimensões
sociais”(1998:7)
Um exemplo desta política é notada na
Panamco, maior engarrafadora da Coca-Cola no país. Seu diretor, Marcos
Povoa, não só se interessa genuinamente pela opinião dos clientes, como
se tornou pró-ativo ao atacar o cerne dos problemas através do apoio de
seus funcionários. Em experiência recente, convocou os funcionários
através de comunicado geral a lhe enviar um e-mail caso verificassem
algo de errado com os produtos da companhia nos supermercados que
costumam freqüentar. Povoa completa: “O fato era que muitas pessoas
notavam coisas erradas, como por exemplo, a má disposição ou a falta de
um produto na prateleira. Muitas queriam contar o que viam, mas não
sabiam a quem recorrer”.
A iniciativa encontrou eco na empresa e a
participação de pessoas mostrou-se maior do que a esperada. Os
comentários têm ajudado na identificação de todo o tipo de problema em
um tempo bem menor.
A criação deste espírito de
"inteligência grupal"depende da iniciativa da própria empresa em
descobrir, num primeiro instante, aquilo que motiva o funcionário.
Reconhecer publicamente um trabalho bem feito, verificar se o
funcionário possui as melhores ferramentas para realizar a função que
lhe foi atribuída, enfatizar o compromisso da empresa com a manutenção
do emprego e, até mesmo remunerar as pessoas de forma competitiva, são
fatores que contam muito na motivação do empregado. Da mesma forma,
atitudes desatentas, como oferecer a mesma recompensa, todos os anos,
independente do desempenho individual, usar de ameaças e coações para
que a tarefa seja realizada, tratar os funcionários de forma
burocrática, prejudica qualquer programa de gestão.
Discussões sobre o assunto nas
publicações empresariais evidenciam que profissionais especializados em
endomarketing ainda são poucos, o trabalho, hoje, cabe aos departamentos
de comunicação e de recursos humanos que, juntos, já desenvolvem
campanhas na área.
A indústria é o segmento da economia
brasileira que mais desenvolve trabalhos em nível de comunicação
interna, mesmo porque o número de empregados é bem maior e as
negociações sindicais a levaram à modificação da mentalidade interna.
A informação deste tipo de campanha
também pode vir alicerçada no treinamento, quando os funcionários
crescem junto com a empresa que lhes proporciona o cenário adequado para
que possam entender a padronização dos serviços como uma decorrência de
fatos reais, comum àquelas que desejam voltar-se para o mercado. São
criados novos canais de disseminação dos novos padrões, trabalhada a
imagem da empresa internamente e recolhidas sugestões e contribuições
dos funcionários para melhorias internas relacionadas com o cumprimento
dos novos padrões de serviços e da nova cultura de atendimentos
propostos. Este tipo de situação é muito comum quando as empresas
procuram a Certificação ISO 9002.
Exomarketing
Agregar valor ao negócio também é isso, pessoas felizes produzindo, pessoas felizes lucrando e pessoas felizes consumindo.
“Exomarketing é, portanto, uma
estratégia de comunicação externa que se utiliza das ações e
instrumentos de endomarketing como conteúdo”
Este novo conceito nasceu dos excelentes
resultados obtidos com a comunicação interna. Se antes ver funcionários
trabalhando felizes e ter a produção garantida era motivo de alívio aos
executivos, por que não aproveitar do sucesso e mostrar ao público
externo quão boa é a sua empresa?
Em outras palavras, mais este recurso
vem para reforçar as estratégias de marketing externo, tão perfeitas e
eficazes foram as ações de endomarketing.
A autora cita a Azaléia, uma empresa
gaúcha de calçados, que publicou na Veja - revista de maior circulação
do país - um anúncio de página inteira para falar da creche que mantém
para os filhos de seus funcionários.
“Essa empresa pratica há muitos anos o
exomarketing. Além de desenvolver um trabalho vitorioso junto ao público
interno, faz com que toda a sociedade empresarial e a comunidade na
qual está inserida acompanhem o seu esforço e sintam orgulho de suas
ações” (1998 : 153)
Ações em endomarketing podem ser
simples, como apresentar painéis frente às próprias empresas com
resultados obtidos pelos funcionários, resultados de jogos internos,
vídeos institucionais exibidos nas recepções, locais por onde passam
fornecedores, clientes e outros visitantes.
Esse modelo pode ser encontrado também
em um grande número de anúncios gráficos, publicados em jornais e
revistas com chamadas de abordagem interna, mas que vem causando muita
simpatia do público externo.
Como exemplo podem ser citados o do
BankBoston “Para conquistar clientes, primeiro conquistamos nossos
funcionários”, o da Nestlè “Poucas empresas são sinônimos daquilo que
fazem” ou ainda o da Brasmotor “Uma organização formada por pessoas
jurídicas, pessoas físicas e, sobretudo, pessoas felizes”. Cada qual com
seu apelo gráfico, estes anúncios geralmente se apresentam com a figura
de um funcionário devidamente fardado, sorridente e cheio de
disposição.
A receita do exomarketing é simples e
foi concebida no próprio dia-a-dia das empresas que quiseram expor o que
possuem de melhor em sua estrutura interna. “O exomarketing serve
exatamente para que os empresários possam mostrar a evolução das suas
relações com o público interno” (Brum, 1998:177)
\"Portas Abertas\"
O primeiro
modelo prático que uniu todas as técnicas e os aplicou à empresa foi o
Portas Abertas, hoje um livro homônimo ao case que revolucionou a
multinacional Rhodia, além da própria comunicação empresarial no Brasil,
implantando a cultura de que a empresa possui o direito de escrever
artigos para jornais, defender pontos de vista que possam vir a
interessar não apenas a empresa, mas a opinião pública, abordando
assuntos como educação e meio ambiente.
“A Rhodia abandona o low-profile que caracterizou, no passado, as suas relações com o público, para adotar uma
postura de portas abertas, receptiva ao debate, por considerar o risco de omissão mais grave do que o representado pela defesa de pontos de vista “ (Nori, 1991:63)
postura de portas abertas, receptiva ao debate, por considerar o risco de omissão mais grave do que o representado pela defesa de pontos de vista “ (Nori, 1991:63)
Façamos uso de um dos pontos defendidos
no plano de comunicação da Rhodia para exemplificar que, há muito o
empresário deve estar apto a responder às mais variadas questões, mesmo
fora de sua empresa: “Se um empresário quer se fazer ouvir na defesa de
interesses de sua empresa é imprescindível que ele tenha autoridade e
prestígio junto à opinião pública, o que só é alcançado por meio da
comunicação” (1991:68)
Um empresário bem informado tem
competência para defender os seus interesses e os da empresa. Deixar de
compartilhar a sua posição com a mídia/público é falho à imagem que, no
final das contas, agrega valor ao seu negócio. “Uma boa imagem provoca
reflexos positivos sobre os negócios de uma empresa à medida que
fortalece o marketing melhora o relacionamento com os clientes,
fornecedores, funcionários e autoridades” (1991:21)
A comunicação deve ser permanente,
independente do comportamento do mercado ou, na teoria do "Portas
Abertas", o empresário, embasado na Comunicação Empresarial, deve estar
apto a motivar equipes, difundir filosofias empresariais e transmitir
valores nos quais acredita. Para tanto, precisa estar munido de
informações sempre.
Tais informações eram, no caso da
Rhodia, fornecidas e filtradas pelo “Núcleo de Pesquisa de Mercado",
vinculado ao Departamento de Marketing. O núcleo era responsável pela
coleta sistemática de informações junto aos públicos interno e externo
da empresa.
Estas informações eram então correlacionadas a fatos direta ou indiretamente ligados à condução dos negócios da empresa.
Sua função era analisar e transformar estes dados em informações que auxiliassem na análise e tomadas de decisão.
No caso da Rhodia, à comunicação cabia a
função de exercer vigilância sobre o contexto de seus públicos -
interno e externo - para só então agir de forma eficaz. E isso levava
tempo, o que hoje é falta grave, como explica Cohen (1990):
“O mundo está ligado às comunicações
como nunca esteve antes. Com isso, nossos conceitos de tempo e espaço
estão sendo redefinidos. Agora, o mundo inteiro sabe de um acontecimento
logo depois (ou mesmo, enquanto) ele acontece. E, como as más noticias
imigram tão depressa quanto as boas, as empresas e organizações precisam
planejar a maneira de lidar com a mídia nas situações difíceis. Não
usufruem mais da antiga defasagem do tempo de informação “ (1990:159)
Neném Prancha, criatura imortal citada
pelo jornalista João Saldanha, dizia que o pênalti é tão importante que
deveria ser batido pelo presidente do clube. A comparação é válida: a
comunicação empresarial é, hoje, tão fundamental que deveria envolver
diretamente os presidentes das empresas. (Nassar, 1995 : 19)
“Estudo recente da revista Fortune
mostra que os principais executivos das 500 maiores empresas
norte-americanas já investem, aproximadamente, 80% de seu tempo em
Comunicação. Esse percentual envolve atividades que vão da leitura de
correspondências e clippings, atendimento de telefonemas, a encontro com
acionistas, jornalistas, autoridades e clientes.
O mais interessante desse estudo é a
percepção de que a comunicação empresarial deixa de ser responsabilidade
de uma área de especialistas - jornalistas, relações publicas e
publicitários - para se tornar uma atribuição estratégica permanente e
administrada por quem tem o leme de uma organização”
Nori lembra que a comunicação, desde que
funcionando como um canal estruturado de informações, tem o poder de
chamar a atenção do público. Apresentando os pontos de vista da empresa
sobre economia, política e ecologia, por exemplo, a visibilidade
pretendida é atingida. “Uma empresa não faz um bom trabalho e não colhe
resultados apenas com uma rotina honesta dentro de suas próprias
fronteiras” (Nori, 1991:17)
Especificamente no caso da Rhodia, vale
lembrar que este histórico plano de comunicação social era adequado à
época e condições sociais e empresariais do Brasil em 1985, com o fim do
governo militar e o crescimento da liberdade de expressão.
Sociedade da Razão
Os revolucionários da Antiguidade preconizavam a reforma agrária e a partilha de terras.
Os da era industrial visavam a
prosperidade dos meios de produção. Hoje, é sobre o conhecimento que
repousam a riqueza das nações e a força das empresas.
Mais do que chaminés e linhas de
montagem, a Revolução Industrial apareceu como um sistema social rico e
multifacetado mudando aspectos sociais e substituindo antigos paradigmas
da "Era Rural", ponto decisivo para o desenvolvimento social humano.
Antes da "Primeira Onda"de mudança, onde
a maioria dos seres humana vivia em pequenos grupos, freqüentemente
migradores, e alimentavam-se pilhando, pescando, caçando ou pastoreando.
Em algum ponto, aproximadamente há dez milênios, começou a revolução
agrícola, que avançou lentamente através do planeta, espalhando aldeias,
colônias, terra cultivada e um novo modo de vida.
Utilizando analogia para exemplificar as
mudanças causadas pela comunicação e o uso adequado da informação,
voltamos à Revolução Industrial, que criou deslocamentos e
transformações sem precedentes à sociedade da época, há cerca de 150
anos atrás. O exemplo é comum entre pesquisadores que vêem nestas duas
"revoluções- a Industrial e a da Comunicação - aspectos comuns e
instrutivos.
Assim como ainda não temos idéia do que o
futuro nos reserva com a Internet, não se imaginava que a
industrialização trouxesse consigo tantas mudanças adjacentes, como o
aumento populacional nos centros urbanos, por exemplo. A agricultura
perdeu a força, mas nem por isso desapareceu.
Eletricidade, máquina a vapor e
organização científica, estes são os principais pontos que o sociólogo
Domenico de Masi acrescenta à razão no advento da industrialização.
Aliás, a versão da Revolução Industrial
nos livros escolares é uma narrativa de inventores e invenções: James
Watt, Eli Whitney, Tomas Edison. Mas a idéia mais importante foi o
acúmulo de capital. Essas primeiras fábricas prosperaram não por serem
superiores às oficinas dos artesãos em termos do que produziam ou da
eficiência com que trabalhavam - ou seja, produção por hora - mas porque
os obstinados proprietários das fábricas pagavam menos pelo trabalho do
que os artesãos-proprietários teriam pagado a si mesmos e embolsavam a
diferença. Assim,
eles acumulavam capital para investir em expansão, ao mesmo tempo em que as melhorias em transporte - estradas pavimentadas, ferrovias, barcos a vapor - tornaram factível a produção de bens que seriam consumidos por clientes distantes, não apenas pelos vizinhos. A Revolução Industrial acabou ocasionando a enorme expansão da classe média e elevou o padrão de vida de todos, porém, inicialmente, na verdade ela aumentou mais ainda a lacuna já grande entre pobres e ricos, da mesma forma que a hoje chamada Revolução da Informação está fazendo hoje.
eles acumulavam capital para investir em expansão, ao mesmo tempo em que as melhorias em transporte - estradas pavimentadas, ferrovias, barcos a vapor - tornaram factível a produção de bens que seriam consumidos por clientes distantes, não apenas pelos vizinhos. A Revolução Industrial acabou ocasionando a enorme expansão da classe média e elevou o padrão de vida de todos, porém, inicialmente, na verdade ela aumentou mais ainda a lacuna já grande entre pobres e ricos, da mesma forma que a hoje chamada Revolução da Informação está fazendo hoje.
A revolução industrial nascida em meio
ao séc XVIII confiou à razão humana a resolução dos problemas,
contrapondo tudo aquilo em que se acreditava até então. E como o enfoque
que damos aqui diz respeito à comunicação, nesse processo pode ser
notado o seu nascimento como necessidade organizacional, o que
enveredou, posteriormente, para um caráter de estratégia buscando melhor
atender ao público consumidor.
Domenico de Masi (2000) caracteriza a
sociedade industrial através do advento de um outro ponto bastante
importante surgido com esta revolução: a burguesia. Sob o alicerce do
colonialismo, o qual gerou grande riqueza aos países hegemônicos
Espanha, Portugal, Inglaterra e Holanda - esta nova classe social passa a
ter acesso às “salas de comando". As revoluções burguesas deram a
oportunidade de que novos cérebros tomassem a frente de diversas nações.
“O homem descobre que grande parte dos
problemas tradicionalmente resolvida de modo religioso ou fatalista
pode, ao contrário, ser administrados racionalmente: seja o medo do
temporal e do raio, seja a carestia, seja a ditadura.
É neste ponto que se impõe o cruzamento
entre desenvolvimento tecnológico, desenvolvimento organizacional e
desenvolvimento pedagógico. Porque cada progresso tecnológico é
acompanhado da necessidade de ser transmitido, através do ensino, às
gerações futuras.
A Mesopotâmia tinha inventado a escola
para as elites, a sociedade industrial inventa a escolarização e o
consumo de massa”.(Masi, 2000:17)
A questão aqui é a necessidade desta
nova classe dominante em produzir cada vez mais uma quantidade de bens
materiais suficientes a atender a própria demanda. Hoje caracterizamos
este movimento através da analogia aos "novos ricos"ou “emergentes"Assim
era a burguesia da época, gente que não possuía dinheiro em demasia tão
pouco cultura própria e, por isso, espelhava-se na aristocracia, pois
queriam viver mais comodamente ostentando o próprio status de "classe
média recém-nascida".
Michael Thonet, um fabricante de móveis
do séc. XIX que teve visão empreendedora suficiente para unir pontos
básicos desta sociedade: visão unitária do produto, do mercado e da
produção.
Chamado a trabalhar para o príncipe de
Viena, Lienchtenstein, ele identifica a nascente burguesia vienense e
oferece exatamente aquilo a que ela aspira. Cria móveis similares aos
aristocráticos, construídos sob medida, baratos, práticos, facilmente
montáveis e, logo - eis a novidade - vendáveis a partir de um catálogo.
Em síntese, cria um estilo, um marketing e um novo modo de produção em
série. O catálogo era infinito: 14 mil objetos diversos, cada um
acompanhado de preço e medidas.
Masi (2000) identifica aqui a criação de
uma das primeiras leis ditada pela indústria: a estandardização. Thonet
descobre que, ao invés de se fabricar cem cadeiras diferentes, é muito
mais lucrativo fazê-las igual: o desperdício é menor, a produção é mais
rápida e a menor custo. Um ciclo contínuo: métodos estandardizados para
fazer produtos estandardizados, vendidos a preços estandardizados.
A racionalização imposta pela indústria
consistia na programação da produção através da criação de linhas de
montagem e, segundo as leis ditadas por ela, grande parte escritas e
aperfeiçoadas por Taylor, defendem que a fabricação do produto em série é
mais lucrativo. A economia é então completamente reestruturada, da
planificação à produção e às vendas.
Uma das características da sociedade
industrial “clássica” era o seu mercado. Nele a oferta era muito
inferior à procura. O modelo industrial era orientado para o produto, ou
seja, a empresa produz bens e valores depois os impunha à sociedade.
O consumidor desta sociedade, até então
deslumbrado com a personalização dos produtos, adquire, como denominado
por Mais (2000), um gosto “standard”. Ford em muito contribuiu para isso
quando, em 1908 lança o seu Modelo T, um automóvel preto, sucesso de
vendas entre os aristocratas, graças ao slogan:
“Os americanos podem escolher carros de qualquer cor. Desde que sejam pretos".
Nasce a massificação do gosto sem contestação.
As teorias sociais possuem posições
diferentes frente ao conflito, a transição de sistemas de trabalho,
produção, além de fatores propriamente sociais, como o comportamento e a
divisão (ou ascensão) de classes levam à defesa sob prismas diferentes.
A percepção de mudanças na estrutura
social é atribuída, primeiramente, aos estudiosos, os quais partem da
observação de aspectos singulares de transformação. Dois marcos são
observados tendo a indústria como referência: o surgimento da "sociedade
industrial", por volta de 1850, e em 1950, o nascimento da "sociedade
pós- industrial" quando Bell e Touraine baseiam teorias desse que seria
um novo sistema global.
Sobre as formas grotescas de
racionalização da produção, Taylor é categórico quando afirma que cada
trabalhador "deve"repetir por várias (milhares) de vezes por dia, um só
gesto nas linhas de montagem.
Em 1936, Charles Chaplin ironiza tal
formato no filme “Tempos Modernos”, onde é engolido por engrenagens
gigantes devido ao fato de não ter tido a “capacidade” de manter a
velocidade ao apertar os parafusos que lhe cabiam.
A imagem símbolo do capitalismo,
apontado por Marcos Dantas (1996) como uma fábrica esfumaçada onde o
trabalho parecia indissociável daquela do operário chapliniano de
macacão azul parecia, para o autor, uma forte confirmação do “rigoroso
trabalho de Marx”, o qual parecia ter ficado sem seqüência na análise do
processo de produção:
“Como as questões teóricas tinham sido
brilhantemente desenvolvidas e o movimento geral da produção confirmava
algumas das previsões [de Marx], parecia desnecessário retomar estudos
empíricos.
No máximo, vigorou a assertiva de que o
capitalismo analisado por Marx, continuava praticamente o mesmo. Os
desdobramentos materiais na sua evolução histórica não teriam alterado
uma linha do que tinha sido descrito na Seção 4 de O capital. A matriz
constitutiva era tomada como imutável e a análise crítica foi dirigida
para outras dimensões do sistema (...). A esquerda clássica tinha como
horizonte próximo o colapso macroestrutural do capitalismo, ignorando a
criatividade e a capacidade empresarial de agenciar a produção sob
formas mutantes”. (Cattani, 1995 : 18 cit Dantas: 29)
Dantas (1996) arrisca acrescentar que o
"pouco caso"da esquerda clássica também tenha sido alheio às dimensões
produtivas gerais da indústria da informação que crescia paralelamente
aos complexos metalúrgicos tayloristas e fordistas.
Tido as tecnologias de informação da
época (telégrafo, rádio, cinema, entre outros) foi desconsiderada a
hipótese que estas podiam, não só gerar empregos cada vez mais
qualificados, como fomentar uma indústria de bens de capital
tecnologicamente sofisticada. Acrescido às técnicas encontrase ainda o
fato de funcionar como formadores de hábitos de consumo necessários à
expansãode uma produção capitalista material crescentemente mediatizada.
Quem estuda a história da comunicação
para entender a sua utilização como formadora de imagem nas organizações
institucionais chega ao século passado e vê o quanto foram escassas as
formulações e intervenções dos socialistas e dos movimentos democráticos
nessas questões. Salvo estudos feitos pela Escola de Frankfurt, desde a
década de ’30. Porém, conforme afirmado por Dantas (1996), não passavam
de estudos acadêmicos ineficazes na prática política coerente e eficaz.
Continuando com Dantas (1996), este
afirma que Marx em seu livro “O Capital”, não faz citação ou sequer tece
explicações detalhadas sobre o que seria a função social das
comunicações e seu papel social como força produtiva. Como explica:
“ O fato Marx ter baseado sua análise da
acumulação capitalista na apropriação da mais-valia da força de
trabalho simples obscureceu a importância, ou o valor, que o capital
sempre deu à informação. Já no século XIII, os banqueiros e grandes
comerciantes sustentavam redatores profissionais nas diferentes capitais
e mediterrâneas para que, periodicamente, lhes enviassem relatórios
sobre fatos políticos, bélicos ou comerciais que pudessem afetar os
negócios. Nesses relatórios encontra-se a origem remota deste moderno
jornalismo” (1996:34)
Mattelart (1999) reafirma e insinua o
embrião da comunicação empresarial como presente na Era Industrial, pois
com os novos paradigmas de trabalho e organização social trazidos pela
industrialização, nascia a necessidade de gestão da multidão humana.
Atrelado a isso, a Revolução Industrial funde-se com o desenvolvimento das primeiras concepções de uma ciência da comunicação.
Como citado pelo autor: “A comunicação
contribuiu para a organização do trabalho coletivo no interior da
fábrica e na estruturação dos espaços econômicos” (1999 :12)
Dantas (1996) atenta, ainda, ao
desinteresse notado pelas principais correntes da economia e da
sociologia do século XX quanto ao assunto. Realmente, os poucos estudos
não influenciaram as proposições políticas de então, em especial as de
cunho revolucionário que, calcadas na crença da "quebra do capitalismo",
nunca chegaram a assistir a tal "revolução do proletariado fabril".
Tudo foi remetido para a superestrutura"
A lógica apresentada pelo autor para
demonstrar a introdução da informação (ou mérito) dentro da indústria
capitalista fundamenta-se na saída do homem da fábrica não pelo
merecimento, mas expulso pela mecanização das linhas de montagem.
“a medida em que a produção material
imediata se mecanizava e se automatizava, o trabalho vivo se distanciava
da produção direta; o conhecimento objetivado por aquele trabalho
incorporava-se na produção direta como ’trabalho morto’, congelado nas
formas e movimentos dos sistemas de maquinaria.
Desde então, o que a grande maioria das
pessoas vem produzindo em seu trabalho é ’informação social’. Registrada
em patentes de produtos ou processos; comunicada em relatórios,
protótipos, desenhos, painéis de controle de máquinas(...) posta nas
muitas formas através das quais possa ser socialmente gerada, registrada
e comunicada, a informação tornou-se objeto imediato de trabalho na
maioria dos indivíduos” (1996:30)
Seguindo o seu raciocínio, a evolução do
uso do conhecimento empresarial, por exemplo, traduz-se no executivo
que passa a basear-se em cálculos financeiros para mensuração dos
resultados de seus planos de produção material, por exemplo. É a
racionalização dos meios de produção, e o meio encontrado para o
processamento da informação dos meios produtivos.
Ainda usando de Marx, onde “a produção é
imediatamente consumo e consumo é imediatamente produção”18, sua idéia
de “oficina” - esta compartilhada com Smith - cai por terra quando a
sociedade passa a se organizar, tanto para produzir quanto para consumir
bens materiais mais distantes das necessidades humanas básicas (comer,
dormir, vestir-se).
Traduzindo o pensamento de Dantas
(1996), a palavra “consumo” está subtendida e passa a fazer parte do
cotidiano do “indivíduo social”, o qual é adestrado para se incorporar a
uma rotina produtiva qualquer e, ao mesmo tempo, ser construido para
desejar usar o produto que, socialmente, ajudou a fabricar.
“Em seu desenvolvimento recente, o
capitalismo transformou o processo de produção cultural. A produção
cultural tornou-se crescentemente indistinguível da produção industrial,
e as indústrias culturais tornaram-se locus de grande expansão e alta
lucratividade”
Daniel Bell (1973) apresenta a tese
afirmativa de que “no decorrer dos próximos ’30 ou 50 anos” surgiria a
chamada “Sociedade Pós-industrial” com nuances a depender das diferentes
configurações políticas e culturais. Dessa forma, todas as tese/autores
aqui apresentados são unânimes na prerrogativa de que o Estado, como
também a cultura, em muito influenciaram, junto à indústria, na mudança
das estruturas sociais que, acrescida à importância da economia em
transformação e o papel do conhecimento teórico determinaram a mudança e
seu ritmo.
Masi (2000) defende o surgimento da
sociedade pós-industrial em sua teoria do ócio criativo, onde o futuro
pertence a quem deixar de pensar no trabalho como obrigação,
vislumbrando a necessidade de se “aprender trabalhando” ou, em outras
palavras, apostar na congruência entre trabalho, tempo livre e estudo,
este contínuo. O conceito de ócio no trabalho do autor deve ser
entendido de acordo com o real sentido da palavra, e Masi (2000) faz uma
alusão ao sentido empregado quando volta à Grécia e cita os estudiosos,
responsáveis pelas expressões mentais a exemplo da política e da
filosofia, como ociosos, já que a tarefa de “suar” cabia às classes
menos favorecidas, responsáveis pelo trabalho braçal. ócio aqui não
possui o mesmo sentido negativo que comumente empregamos.
A ver:
“... o ócio criativo não é ficar parado
com o corpo, ou uma ação corporal não obrigatória. O ócio criativo é
aquela trabalheira mental que acontece até quando estamos fisicamente
parados, ou mesmo quando dormimos à noite. Ociar não significa não
pensar. Significa não pensar regras obrigatórias, não ser assediado pelo
cronômetro, não obedecer aos percursos da racionalidade e todas aquelas
coisas que Ford e Taylor tinham inventado para bitolar o trabalho
executivo e torná-lo eficiente” (2000:223)
Bell (1973) reafirma:
“A sociedade industrial organiza-se em
torno do eixo da produção e da maquinaria, para a fabricação de bens; a
sociedade pré-industrial fica na dependência da força bruta de trabalho e
da extração das matérias primas da natureza. Em seu ritmo de vida e
organização do trabalho, a sociedade industrial é a característica que
define a estrutura social - isto é, a economia, o sistema ocupacional e
sistema de estratificação - da moderna sociedade ocidental. A estrutura
social, tal como eu a defino, distingue-se analiticamente das duas
outras dimensões da sociedade: a forma de governo e a cultura” (1973:10)
Cabe citar que Bell (1973) identificou cinco “princípios axiais” desta nova sociedade.
Em primeiro lugar, a passagem de bens à
produção de serviços. Em segundo, a crescente importância da classe de
profissionais liberais e técnicos, em relação à classe operária.
Em terceiro, o papel central do saber
teórico. Em quarto lugar, o problema relativo à gestão do
desenvolvimento técnico (a tecnologia tomou-se tão poderosa e
importante, que não pode mais ser administrada por indivíduos isolados
e, em alguns casos-limite, nem mesmo um só Estado). Em quinto, a criação
de uma nova tecnologia intelectual, ou seja, o advento das máquinas
inteligentes, que são capazes de substituir o homem não só nas funções
que requerem esforço fisico, mas também nas que exigem um esforço
intelectual.
Baseado nas observações empíricas de
Bell (1973), para o qual, já em 1956 o número de trabalhadores do setor
terciário, isto é, o setor que oferece serviços, superou a soma do
número de trabalhadores do setor industrial e agrícola, Mais (2000)
profetiza a decadência contínua do trabalho (aqui visto sob a ótica
industrial, ou seja, mecanizada) e no aumento da dedicação ao que ele
denomina “ócio criativo”. Assim sendo, foca seu trabalho numa dupla
passagem da espécie humana com a atividade física dando lugar à
intelectual e o trabalho repetitivo ao criativo.
“Essas duas trajetórias conotam a
passagem de uma sociedade que foi chamada de ’industrial’ a uma
sociedade nova. Eu, por comodidade, a chamo de ’pós-industrial’”
(2000:14)
Sociedade moderna e industrial se fundem
no paradigma da “racionalização” de Touraine (1997). Para o autor elas
são contemporâneas e possuem as mesma características do ponto de vista
da sociedade. Nela, o mérito da racionalidade deve-se a três fatores: a
empresa, nação e a consciência nacional, além do aumento crescente da
demanda do consumo. Dessa forma, replica que os cinco pontos axiais de
Bell (convergem num só: a nossa sociedade distingue-se pela sua
necessidade e capacidade de projetar o próprio futuro.
“A idéia da modernidade, na sua forma
mais ambiciosa, foi a afirmação de que o homem é o que ele faz, e que,
portanto, deve existir uma correspondência cada vez mais estreita entre
produção, tornada mais eficaz pela ciência, a tecnologia ou a
administração, a organização da sociedade, regulada pela lei e vida
social, animada pelo interesse, mas também pela vontade de se liberar de
todas as opressões” (1997:9)
O consumidor vislumbrado por Touraine
(1997) já não busca apenas o básico à sobrevivência, ele passa a adequar
os produtos à sua personalidade, satisfazendo suas necessidades menos
elementares, o que fundamenta a crescente preocupação existente por
parte da empresa - a satisfazer os seus "caprichos".
Nesse enfoque, a comunicação empresarial
supre as necessidades de informação acerca de produtos e serviços
oferecidos pelas empresas, independentemente do porte em que se
apresentam.
O papel da empresa, em um primeiro
período onde se valorizava o capital, e não a associação entre técnica e
atividade econômica, era diminuto e tratava, principalmente, dos ciclos
econômicos. Apenas nas décadas de 50 e 60, autores como Peter Drucker
passam a atentar para o planejamento da circulação de informações,
idéias, mercadorias e homens, apresentando a empresa como sendo a
moldura concreta da modernização.
Mesmo assim, passada a Segunda Guerra
Mundial e introduzidos os primeiros modelos de gestão e apogeu da
indústria americana, a empresa ainda não era foco.
Hoje, o componente puramente físico deu
lugar ao conhecimento, porém a industria não perde força, ela apenas
atribui novos valores à sua produção, sai o operário e entra a
mecanização das linhas de produção. Teoricamente o homem é substituído, e
polêmicas à parte, seu lugar está reservado na gestão do conhecimento.
Bill Gates desenvolve o tema em seu primeiro livro, onde afirma que o
papel do computador nas empresas não é o de substituí o homem, mas o de
obrigá-lo a pensar.
Os postos de trabalho eram considerados
os principais pontos de intervenção e a didática de gerenciamento trata
de organizações, não mais de empresas. Surgidos os tecnocratas - agentes
de conhecimento técnico que intervinham racionalizando e organizando a
produção - emerge também a classe operária. É a separação entre a
concepção e a execução de um único produto, opondo o trabalho operário
ao lucro capitalista.
O sindicalismo de ação direta
(revolucionário) ganhou força de movimento social, além de uma luta
política entre o capitalismo e o socialismo. Paralelo a este movimento, e
fundamentado nas idéias marxistas, foi muito difundido um ponto de
vista caracterizando as crises do capitalismo, em especial nos anos 30,
como sendo a prova final de que o sistema havia definhado toda seu
potencial de crescimento econômico. As conseqüências seriam a estagnação
ou a suposta afirmação de um levante social onde seria instalado,
definitivamente, o socialismo.
É notado que os sistemas econômicos
estavam ligados a movimentos sociais, mas a realidade não mais condiz.
As empresas hoje passaram a representar um membro econômico autônomo.
Isenta da relação com as classes - operária e capitalista - ela aparece
como unidade estratégica no mercado internacional através da utilização
de novas tecnologias.
Baseado na cerne do “novo mundo”
movimentado por ondas, estas baseadas na análise do desenvolvimento
tecnológico, Alvin Toffler (1995) em seu livro “A Terceira Onda”
contrapõe-se à massificação precedente determinada pelas máquinas.
Durante a década de 80, as teorias de
Toffler (1995) identificaram um termo bastante característico desta
sociedade “pósindustrial”: a subjetividade. O fenômeno é complexo e
traduz uma total autonomia de julgamento, a qual me permite a escolha
baseada em minhas necessidades e recursos, independente do fato de
pertencer a um grupo.
O próprio desenvolvimento da tecnologia
permitiu, de certa forma, a segmentação do consumo, dos públicos, das
classes. Afinal, as máquinas da cadela de montagem que Ford possuía em
sua fábrica eram tão rígidas, que não permitiam a fabricação de modelos
azuis, amarelos ou vermelhos. Trocar pulverizadores e pincéis a cada
modelo construído encareceria em muito o veículo.
Os modismos perderam a força e
tornaram-se prejudiciais às vendas, a diversidade de modelos, cores e
padrões rege as vendas. A escolha torna-se infinita e cada um pode
cultivar a sua própria subjetividade, de acordo com sua cultura e gosto.
A este tipo de produção Toffler denomina "Marketing Oriented", ou
orientado para o mercado.
Toffler (1995) fala da
"desmassificação"da mídia. Um processo que a informática leva às últimas
conseqüências: com o computador e a Internet o acesso à informação
tomase irrestrito. Munidos de informação a hierarquia de quem possui
mais ou menos diminui, a regra passa a ser quem melhor sabe adequar todo
o conhecimento à sua realidade e necessidade.
Um outro aspecto de nossa sociedade
observado pelo autor é o "ambiente inteligente", ou seja, a massa de
memória que passamos a ter graças à capacidade dos computadores em
armazenar dados. Por fim, aborda a possibilidade de se trabalhar em
casa, isto é, o retorno ao lar, graças ao teletrabalho.
Dedica um capítulo inteiro à família do
futuro, na qual as relações entre as pessoas, em vez de físicas, serão
primordialmente eletrônicas.
Era da Informação
A Era
Industrial cedeu lugar à Era da Informação, evidenciada pelo conjunto de
tecnologias resultantes do uso simultâneo e integrado de informática e
telecomunicações, o que se têm chamado tecnologia da informação, ou TI,
como abreviado pelos estudiosos da área. Protagonizada pela Internet,
onde as fontes de riqueza deixam de ser fisicas e a informação,
intangível, passa a desempenhar o papel de produto no fluxo de compra e
venda, as TI’s têm contribuído de forma significante na implementação
das políticas empresariais.
A imagem clássica do trabalho no século
XX está associada à transformação da natureza através do músculo humano.
A introdução do computador no ambiente de trabalho passa a permitir a
manipulação eletrônica deste “músculo”. A perda da experiência direta
com a tarefa realizada torna mais difícil para as pessoas exercer
julgamento sobre ela.
A imaginação torna-se mais importante que o julgamento baseado na experiência, o que desafia os procedimentos “industriais”.
Autores contemporâneos a tais mudanças, a
exemplo de Graeml (2000) que defende que, com a chegada destas novas
tecnologias a questão da interação social também é afetada, pois os
recursos passam a ser centrados nos sistemas de informação e o próprio
computador torna-se o foco da interação do indivíduo.
”O computador elimina os benefícios e os
problemas ligados ao relacionamento entre supervisor e o trabalhador. O
relacionamento interpessoal pode tornar-se menos importante para
supervisão que o acesso à informação sobre qualidade e quantidade do
desempenho do empregado. O fato de as pessoas estarem conscientes da
supervisão remota pode, contudo, transformar-se em um agente inibidor de
risco, ou seja, quanto maior o controle do sistema de informação, menos
estímulo à iniciativa é fornecido ao trabalhador” (2000:39)
Eis uma contradição que leva ao desafio
da superação para o futuro, pois tais sistemas de informação têm, como
prioridade a maior criatividade e independência na execução de tarefas.
Aumentos de produtividade devidos ao acúmulo de conhecimento são mais
visíveis quando os indivíduos submetidos às novas políticas de gestão
exercem atividades nas quais eles podem tomar decisões. O autor ainda
faz duas importantes considerações.
A primeira sobre a necessidade de no
ambiente organizacional, as pessoas serem educadas a perceber que a
empresa passa a esperar delas uma conduta valorizada diferente da
anterior. Assim, agilidade e competitividade vão além dos níveis
hierárquicos, permitindo que as informações fluam mais rapidamente e, em
contrapartida, exigindo atitudes de maior responsabilidade.
O segundo alerta é de que, tendo os
trabalhadores a consciência para tomar boas decisões e participando
delas, os executivos passam de controladores a conselheiros, e os
gerentes intermediários tendem a desaparecer nos organogramas das
empresas, fazendo com que as pirâmides hierárquicas mudem radicalmente
de formato.
É notada a constante presença nas bancas
de jornais de publicações especializadas em gestão empresarial. Muita
preocupação por parte dos editores e crescente participação de notas na
seção “cartas” destas revistas mostra a grande quantidade de dúvidas
sobre termos como “Gestão do Conhecimento” e “Capital Intelectual”. Da
mesma forma, o que caracteriza o atraso de muitas empresas na
implantação de políticas de comunicação interna através das tecnologias
de informação é justamente a confusão que as diretorias fazem com os
dois termos dando-lhes o mesmo significado. O que deve ser entendido é
que os termos são dependentes: um proporciona ganho, o outro viabiliza,
nesta ordem. Em conseqüência, seu esforço para aumentar a lucratividade
da informação concentra-se em cortar custos da tecnologia da informação.
“Seria muito mais eficaz focar-se em
aumentar a produtividade do gerenciamento da informação, que é algo
bastante amplo, envolvendo todas as atividades de alocação,
simplificação ou redução de custos de processos de informação, ou
atividades que aumentam a eficácia e qualidade, independentemente de os
processos envolverem TI.” (2000 : 36)
Isso inclui a coordenação de
fornecedores, funcionários e clientes em tarefas de gerenciamento,
treinamento, aconselhamento, coordenação, registro e relatórios tarefas
essas que não estão diretamente relacionadas com a produção ou entrega
de produtos ou serviços ao consumidor.
Com o banimento definitivo dos preceitos
tayloristas e com o estímulo para que todos participem da tomada de
decisões, Stewart faz uma ressalva quanto ao taylorismo:
“A essência do taylorismo não é apenas o
trabalho duro, a repetição constante e descrições de cargos limitadas. O
talento de Taylor foi estimular a aplicação do conhecimento e não só do
chicote pela gerência: aplicar capacidade intelectual ao trabalho desde
que relacionadas com suas atividades, desenvolvem-se novos tipos de
estruturas, muito mais ágeis, graças à eficiência do fluxo de
informações dentro da empresa. Tal estrutura, mais democrática e
dignificante, por valorizar o cérebro e não os músculos dos
trabalhadores, torna-se possível com a utilização da TI para automatizar
processos de produção, manipulando e gerenciando informações.
Justamente por muitas dessas atividades
não estarem intrinsecamente ligadas ao produto ou serviço, normalmente o
gerenciamento de informação é considerado como despesa e não como custo
pelas empresas, o que torna sua justificativa muito mais difícil, por
parecer, à primeira vista, um gasto improdutivo.
Graeml (2000) afirma:
“ informática já não é apenas um centro
de dados para processar transações, manter o registro dos estoques e
emitir folha de pagamento. A TI passou a ser o quarto principal recurso
disponível para os executivos, depois das pessoas, do capital e das
máquinas” (2000:20)
Baseado nas teorias de Hammel (1995), o
qual prega a idéia de que os esforços devem ser concentrados nas
competências centrais, “vivemos em um mundo descontínuoum mundo no qual a
digitalização, a desregulamentação e a globalização estão mudando
profundamente o cenário industrial”.
Os principais projetos de comunicação de
sucesso implantados nas empresas surgiram baseados na capacidade de
implementar mudanças incrementais, tais como a melhoria contínua de seus
profissionais de comunicação e departamentos de assessoria interna.
Embora estes fatores sejam imprescindíveis, não é suficiente em épocas de mudanças radicais.
A exemplo do Portas Abertas da Rhodia,
sua implementação dependeu do envolvimento de toda a empresa, a começar
da diretoria primeiro alvo do case.
Nesses casos, toda a estratégia das empresas precisa ser revista, para que ela não seja vítima de seu próprio sucesso.
Em um estudo recente sobre os sistemas
de comunicação e a sua relação direta com as estratégias corporativas
permitiram a Graeml (2000) afirmações como:
“A tecnologia por si só não vale de nada
para o negócio. O que importa é como a informação gerada por ela é
capaz de proporcionar melhor atendimento às necessidades de seus
clientes. São os novos produtos e serviços, ou o valor agregado a eles e
aos processos de negócios afetados pela TI, que garantem o retorno do
investimento para a empresa. Todavia, esses benefícios podem ser
bastante intangíveis e, portanto, de difícil mensuração e avaliação”
(2000:24)
Graeml (2000) atesta a singularidade das
mudanças ocorridas até a década de 70, as quais se apresentavam de
forma contundente, “indicadas por sinais fortes”. Hoje - ao contrário do
que se imagina - graças à quantidade de informação disponível, os
sinais tornaram-se cada vez mais fracos, o que representa perigo para as
empresas que, alheias às tais transformações, baseiam-se no passado
para o planejamento do futuro.
“Prever, lançando mão da experiência
acumulada, mas consciente de que o futuro repete cada vez menos o
passado, passa a ser uma condição de sobrevivência das empresas”
(2000:19)
Adequar-se às atuais necessidades do mercado pode levar tempo e ser difícil para alguns.
Apenas citando um exemplo colocado por
Masi (2000) em seu “ócio criativo” os peixinhos vermelhos, depois de
meses num aquário, repetem o mesmo movimento circular por algum tempo
quando são soltos no mar. Da mesma forma é visto o ser humano que, após
ter trabalhado por duzentos anos dentro de uma fábrica, age como se
ainda estivesse ali, não saem nem mesmo quando a parede de vidro não
existe mais.
Hoje as empresas não vendem apenas
"coisas", elas comercializam know-how e projetos de desenvolvimento nos
mais diversos setores. Partindo do princípio de que o trabalho humano
era visto apenas como um ingrediente na geração de riquezas materiais,
trabalho este mecânico, na Era da Informação a riqueza passa a ser
produto do conhecimento, e deste mesmo homem.
O conhecimento tornou-se um recurso
proeminente, pois a matéria prima não é mais tão importante quanto a
maneira de melhor adequá-la. Recursos naturais abundantes e a tecnologia
compartilhada são comuns às empresas e estar à frente significa agora
possuir a perspicácia da pronta reação às mudanças do mercado antes da
concorrência.
A cultura da economia da informação e da
Era do Conhecimento altera a natureza do comércio e a tarefa da
gerência nas empresas do século XXI que passam a preocuparse mais com a
estímulo de seu capital intelectual, armazenando-o e adequando-o às suas
necessidades. Eis uma tarefa realmente importante, pois a partir do
conhecimento acumulado na transações com fornecedores e clientes, por
exemplo, a organização de tarefas e prioridades geram eficiência ao
negócio. Na lógica do conhecimento, e aplicando-o à realidade do
empresariado, onde a comunicação, como já citado, ainda é mal
aproveitada, o seu uso mostra, como necessidade e primeiros efeitos de
mudança, melhorar o que já existe, fazer algo mais rápido, melhor e mais
barato ou em maior quantidade. Desta forma, a formulação e
implementação de estratégias, compartilhando a observação com outros
autores, Laruccia (2000) enfatiza a necessidade do comprometimento dos
executivos em possuir uma visão clara de sua organização e das
providências a serem tomadas para que seu destino seja alcançado
comunicando adequadamente à todos os funcionários:
“As estratégias para as organizações da
era da informação não podem ser mais tão lineares e rígidas como no
passado. Os altos executivos precisam dar e receber contentemente
feedback instantâneo sobre o impacto das estratégias em ambientes mais
competitivos e turbulentos, isto é, complexos como o atual”
Atentamos, pois para a descentralização
dos poderes de decisão dentro da empresa. Funcionários bem informados
são coresponsáveis pelas decisões e voz ativa nelas.
XAVIER 2000, em entrevista, traz então
uma nova teoria, a de Biocomunicação, onde, partindo da necessidade de
emergência nas decisões dentro das empresas, o autor baseia-se nos mais
arrojados conceitos de administração e trata a empresa como organismo
biológico criando um processo de comunicação com foco nas pessoas.
“Nos ecossistemas naturais as
informações fluem de forma instantânea, com precisão e autonomia,
garantindo a sustentação e a multiplicação da vida. Do código genético
ao canto dos pássaros, milhões de mensagens alimentam o fio da evolução.
Na empresa biológica, informação também é energia que dá vida aos
processos e ações, é a base dos acertos e, geralmente, a causa dos
insucessos, quando ausente ou incorreta”
Em seu trabalho inédito, estão
percepções e soluções que procuram implantar processos comunicacionais
criativos, visando superar as dificuldades dos sistemas convencionais
que valorizam as máquinas, os suportes tecnológicos e esquecem que são
os seres humanos que fazem acontecer. XAVIER (2000) esclarece:
“Na era da informação, o cérebro e
comportamento humanos ganham relevância ainda maior, pois só a mente
humana é capaz de gerar e processar conhecimento.
A transmissão de informação e
conhecimento dependem diretamente do papel das pessoas. Portanto, é
imprescindível criar novos processos de comunicação que contemplem essas
percepções. Os sistemas convencionais privilegiam os dados”
No ponto de vista industrial, existia
uma divisão clara entre o profissionalismo dos chefes e o de seus
subalternos. O engenheiro Taylor e o engenheiro Ford tinham como
dependentes diretos esquadrões de operários analfabetos. Hoje, pelo
contrário, graças ao conhecimento, o subalterno de um engenheiro é outro
engenheiro, às vezes até mais atualizado e ágil.
Assim sendo, e utilizando a teoria
centrada nos estudos de Masi (2000), onde o trabalho nada mais é que uma
"inútil escravidão psicológica", damos ênfase à visão de Xavier (2000)
sob outro prisma.
Na lógica do autor, se delegarmos às
máquinas as atividades puramente executivas, aos homens caberá o
desempenho criativo, flexível, intelectual e empreendedor que, pela sua
própria natureza desembocam no estudo.
Gestão do Conhecimento
Funcionários criam e trocam informações com mais rapidez e num volume muito maior do que se poderia imaginar no passado.
Embora grande parte desse intercâmbio se
faça sob a forma documental, meramente burocrática, há também uma
grande troca de conhecimento informal ou tácito nas interações entre as
pessoas.
Dentre as teorias administrativas dos
anos 90, a Gestão do Conhecimento defende que a gestão pró-ativa baseada
no conhecimento tornou-se recurso econômico importante para a
competitividade das empresas e dos países. Independente do setor de
atividade, as empresas tornam-se mais ou menos competitivas em função da
utilização eficaz das tecnologias de comunicação, pois "bons"produtos
precisam oferecer o maior número de vantagens ao consumidor, ou não
terão seu devido valor.
No trabalho “Gestão do Conhecimento:
Aspectos Conceituais e Estudo Exploratório Sobre as Práticas de Empresas
Brasileiras”, José Cláudio Cyrineu Terra (1999)23, sustenta a hipótese
de que, se no passado, localização privilegiada, acesso a mão de obra
barata, recursos naturais abundantes e capital financeiro eram
determinantes para o bom desenvolvimento da empresa, hoje a situação é
bem diferente e se baseia no melhor aproveitamento do conhecimento. “No
final do século XIX, países ricos em recursos naturais, como Argentina e
Chile, eram ricos, enquanto países sem aqueles recursos, como o Japão,
estavam destinados a ser pobres”. (Thurow, 1997: 27 cit. Terra: 08) O
que não é verdade.
Na visão de Peter Drucker (2000), um
grupo denominado “operários do conhecimento” vem substituindo em
importância econômica os grupos sociais tradicionais, caracterizando-se
como “o mais poderoso nas sociedades pós-industriais”.
Fundamentalmente diferentes de qualquer
outro grupo que tenha ocupado até então posição dominante, os “operários
do conhecimento” moldam as características, os desafios e o perfil de
uma nova sociedade, “a sociedade do conhecimento”. Nesta nova sociedade o
acesso ao trabalho, emprego, ascensão social se dá através da educação
formal, e o conceito de instrução é redefinido como a habilidade de
aprender como aprender, o que faz da escolaridade a instituição chave
deste novo tempo. O autor então propõe questionamentos como “qual será o
composto de conhecimento necessário para cada indivíduo?”, “o que é
qualidade no que tange o aprender e o ensinar?” e assegura que tais
perguntas deverão ser preocupações e temas políticos centrais nesta
“sociedade do conhecimento”.
Peter Drucker (2000) não deixa de
apontar os perigos desta nova sociedade. Para ele, a “sociedade do
conhecimento” pode facilmente se transformar em um sistema onde os
títulos são mais valorizados que a performance e a capacidade produtiva.
Ou então, onde os conhecimentos práticos são super valorizados em
detrimento da filosofia e da sabedoria. Outros desafios deste novo tempo
são como dinamizar a produtividade dos "operários do conhecimento"e
como lidar com a luta de classes entre estes e a maioria que produz de
acordo com os moldes tradicionais.
Segundo o autor, nesta nova era, pela
primeira vez na história, a liderança, o conhecimento e as oportunidades
são democratizadas tanto para indivíduos como para organizações.
Portanto, cada vez mais competitiva “a
sociedade do conhecimento” não perdoa a improdutividade e exige mais que
nunca aquisição e aplicação de novos conhecimentos.
A força de trabalho será composta de
especialistas capazes de apreender conhecimentos de outras áreas e
aplicá-los à sua realidade.
Sobre o tema, declara Xavier (2000):
“É impossível separar os planos de
comunicação das decisões estratégias de qualquer empresa ou organização.
Os comunicadores modernos não ficam mais passivos, aguardando que as
decisões administrativas definam seus passos.
Portanto, surgem espaços para projetos
de gestão de comunicação integrada à administração e negócios,
envolvendo jornalismo, atendimento, desenvolvimento de produtos,
marketing, publicidade, relações públicas, comunicação visual, internet,
etc”.
Mostrando como se dão as relações de
trabalho dos “operários do conhecimento” o autor diz que estes tendem a
produzir melhor em times e que, portanto, devem estar associados a uma
organização. Caberá à força de trabalho entender a dinâmica dos times e
aprender como se desligar de um grupo para automaticamente se ligar a
outro onde sua especialidade esteja sendo requerida. À organização
caberá diagnosticar habilidades e competências necessárias para realizar
determinada tarefa, montando e organizando o time completamente
eficiente.
O autor com isso enfatiza esta como uma
sociedade de organizações que funcionam como ferramentas de trabalho e
que cria uma relação de interdependência entre empregador e empregado.
Nesta nova sociedade, a vantagem competitiva é conseguida através do
gerenciamento do conhecimento, isto é, a capacidade de agrupar talentos
que juntos reforçam as qualidades de cada indivíduo enquanto anula,
através de uma performance ótima, suas fraquezas.
De certo, devemos nos ater não aos
problemas ou desafios que a “sociedade do conhecimento” nos trará, mas
sim, nas inúmeras oportunidades sociais criadas por ela.
Os ativos de conhecimento repousam em
diferentes locais, como bases de conhecimento, banco de dados, arquivos e
também nas cabeças das pessoas.
Tratando o assunto de forma mais
objetiva, o que realmente importa é como este conhecimento é adquirido e
como pode ser utilizado de maneira que venham a agregar valor suprindo
as necessidades da empresa.
Para tanto é preciso visualizar a
empresa apenas em termos de conhecimento e fluxos de conhecimento, uma
concepção bem diferente dos paradigmas da era industrial, pois a fábrica
criava valor a partir de bens materiais, movimentando-os dos
fornecedores para a fábrica, e dela para os consumidores. A agregação de
valor se dava pela adição de recursos como energia e mão de obra.
É inegável que as empresas de hoje vem
experimentando mudanças evolucionárias com mais rapidez e
revolucionárias com mais freqüência. A proliferação de SAC’s auxilia a
empresa a traçar o perfil de seu consumidor, adequando-se às suas
necessidades com o intuito de melhor atendê-lo. Isto tornou imperativo
que as empresas gerenciem ativamente seu conhecimento. Num ambiente
comercial relativamente estável, as pessoas tendem a tomar-se
naturalmente mais proficientes, com o passar do tempo. De forma
implícita, o conhecimento é absolvido e socializado dentro da companhia.
Num ambiente deste, é seguro afirmar que há capacidade e conhecimento
suficientes na empresa, ou que o aprendizado incremental acontece na
velocidade certa para lidar com as contingências. O tempo, a lógica e a
experiência resolvem a maioria dos problemas.
Algumas companhias chegam a negociar
suas ações com valores até 900% acima de seu valor contábil. Por certo,
analistas de mercado atribuirão esta nova realidade à lucratividade ou a
um impressionante recorde de crescimento, que gera uma forte
expectativa de lucro.
Sob uma ótica diferenciada, esta
situação poderia ser atribuída a ativos invisíveis, ou intangíveis. Em
muitas companhias, a importância de seus ativos intangíveis supera a de
seus ativos contábeis. Mas ainda, a relação de valor entre ativos
intangíveis e os ativos contábeis tem se tornado cada vez maior.
A dimensão do problema é entendida com
facilidade se observarmos que a informação detida por uma empresa, ou
melhor, colocado, o conjunto de seus conhecimentos, vem crescendo
exponencialmente.
Um modelo bastante difundido são as
reuniões produzidas informalmente entre os funcionários de uma empresa,
ou mesmo entre aqueles que trabalham num mesmo ramo.
Em visita às instalações do UOL pode ser
constatado o clima de descontração e interatividade entre os
funcionários. Apesar da montanha de computadores, o modelo "cubículo",
onde cada profissional faz o seu trabalho em separado, há muito foi
abolido. Manchetes e legendas são feitas em conjunto e cabe a cada
jornalista a decisão de veiculação.
Cafés da manhã e happy-hours também são
comumente organizados para melhor “entrosar"os profissionais e, por que
não, gerir negócios entre empresas de áreas distintas.
O portal Yahoo! reúne em um bar, sempre
as quartas-feiras, seus empregados visando esta troca de experiências,
soluções e idéias sobre os rumos e objetivos da empresa. Tudo muito
descontraído.
Numa empresa tradicionalmente americana
as cafeteiras eram o lugar mais propenso à troca de conhecimento “útil”.
O que seria este conceito se aplicado virtualmente?
As comunicações informais podem ser
realçadas pelo uso das tecnologias de multimídia, como as telereuniões
ou, chats e fóruns realizados aos montes na Internet.
Dentro do ambiente corporativista, isso é
aplicado através das intranets, uma maneira de usar a tecnologia de
forma criativa gerando a mais ampla e ágil “mídia para comunicação”
Gestão do conhecimento contém um
importante ingrediente de gerenciamento, mas não leva a crer que é uma
atividade ou disciplina que pertença exclusivamente aos gerentes.
Sob este ponto de vista, seria possível definir gestão do conhecimento como o trabalho de gerenciar documentos e outros veículos de informação e de conhecimento, como o objetivo de facilitar a aprendizagem da organização.
Em uma primeira tentativa de definição
prática, utilizamos o senso comum e adaptamos as definições de Xavier
(2000) dizendo que o conhecimento um significado duplo.
Em um primeiro instante associado ao
conceito de um corpo de informações e que se constitui de fatos,
opiniões, modelos e princípios, bem como pode estar baseado em estados
de ignorância, entendimento e habilidade. Tal definição é, de alguma
maneira, similar às distinções entre os conhecimentos explícitos e
tácitos. O primeiro, caracterizado de forma codificada ou formal,
podendo ser articulado através da linguagem e transmitido a indivíduos, e
o segundo significando conhecimento pessoal enraizado na experiência
individual, o que inclui crenças pessoais, perspectivas e valores.
Assim, nós frequentemente encontramos uma ênfase na "organização que
aprende"e outras abordagens que reforçam a internalização da informação -
pela experiência e pela ação - além da criação de novos conhecimentos
através da interação.
O que vem a ser Conhecimento?
A hierarquia de valores que leva ao conhecimento, como lógica colocada por Xavier (2000) segue o seguinte raciocínio:
Dados -> Informação -> Conhecimento
Desta forma, tendo o conhecimento no
topo da escala, está caracterizada a necessidade do processamento de
dados obtidos resultando em suporte para determinada ação.
O conceito de conhecimento que adotamos é o de Jamil (2000), ou seja, uma informação processada de forma estratégica:
“informação mais valiosa e,
consequentemente, mais difícil de gerenciar. É valiosa precisamente
porque alguém deu à informação um contexto, um significado, uma
interpretação. Conhecimento envolve a percepção sistematizada do que
existe, o aprendizado do passado e de experiências semelhantes às
nossas, a compreensão de funcionamento e aplicação de sistemas
associados aos nossos objetivos e, finalmente, a criatividade próativa”.
(Jamil:20)
Na prática, a Gestão do Conhecimento
inclui a identificação e o mapeamento de ativos intelectuais
(intangíveis) ligados à organização, a geração de novos conhecimentos
para oferecer vantagens na competição pelo mercado e tornar acessível
grandes quantidades de informações corporativas, compartilhando as
melhores práticas e a tecnologia que torna possível isso tudo, as
denominadas ferramentas para gestão do conhecimento.
Sendo assim, projetar resultados
baseados em experiências passadas torna-se cada vez menos eficaz, tendo
em vista as transformações e ritmo frenético com que as mudanças vêm
acontecendo.
“Prever, lançando mão da experiência
acumulada, mas consciente de que o futuro repete cada vez menos o
passado, passa a ser uma condição de sobrevivência das empresas. Quem
fechar os olhos para as grandes transformações a sua volta, acreditando
que o sucessp do passado vai assegurar posição confortável para sempre,
ficará para trás” (Graeml, 2000:57)
Capital Intelectual
Se
antigamente o trabalho na lavoura e também na manufatura era composto de
tarefas repetitivas e pouco qualificadas, se um bom par de braços era
suficiente para os melhores resultados, hoje a história é bem diferente.
Hoje esse trabalhador precisa preencher
alguns pré-requisitos intelectuais: de experiência e percepção da
realidade à projeção de oportunidades futuras. É o capital intelectual.
Stewart (1998) defende o Capital
Intelectual como sendo a “nova vantagem competitiva das empresas”. O
termo não está ligado à idéia de um grupo de cientistas atuando de
maneira isolada aos ativos (propriedade, fábrica, equipamentos,
capital), mesmo porque o conhecimento é intangível, “Capital Intelectual
constitui a matéria intelectual - conhecimento, informação, propriedade
intelectual, experiência - que pode ser utilizado para gerar riqueza”
(1998 : 13)
A economia baseada no capital
intelectual, onde as pessoas é que fazem a diferença nos negócios, o
dinheiro real será feito pelas empresas que investirem nas pessoas, em
educação e alta tecnologia. O investimento inicial vem, sem dúvida,
através de melhores salários esse é o primeiro diferencial dos operários
do conhecimento.
Relacionando números vemos que, nos
Estados Unidos, desde 1969, quando a decadência da Era Industrial
começou a ficar aparente, o diferencial de salário para pessoas
instruídas aumentou em todos os setores, tanto para homens quanto para
mulheres.
Desde 1979, somente um grupo de homens
norte-americanos conseguiu ganhos reais na remuneração salarial: os
homens com formação universitária. Naquele ano, os homens com formação
universitária conseguiram salários 49% acima dos homens que tinham
apenas o segundo grau; 14 anos depois, em 1993, esse diferencial chegava
a 80%. O fato de esse diferencial ter aumentado, apesar da oferta
também ter aumentado, à medida que o percentual da força de trabalho que
freqüenta faculdade aumenta, é bastante significativo.
No Brasil a teoria está sendo implantada de forma tímida, seguindo o modelo americano, mas estudos já foram feitos no assunto.
Os programas brasileiros de Treinamento e
Desenvolvimento ainda deixam a desejar no que se refere à criação de
uma mentalidade efetivamente empresarial, que chegue ao dia-a- dia do
executivo. XAVIER (2000) explica:
“Vivemos agora um momento de valorização
do capital intelectual porque profissionais e organizações começam a
reconhecer que, acima da tecnologia e das máquinas, está o potencial
criativo, de inteligência do ser humano. Essa é a alavanca de tudo o que
está acontecendo e do que ainda está por vir na área de Recursos
Humanos e Gestão Empresarial”
Aplicando as tecnologias de informação e
seu uso no gerenciamento do capital intelectual dentro das empresas,
podemos notar que a interação é fundamental visto que oferece as
ferramentas que permitem o armazenamento e a reutilização do
conhecimento coletivo da corporação, além de facilitar a tomada de
decisões mais rápidas e de melhor qualidade e contribuir para a redução
de acúmulo e distribuição de papel.
Ao contrário do que se pensa, o capital
intelectual não está contido apenas na “cabeça"dos funcionários (
habilidades, cultura e história compartilhadas). Tal capital encontra-se
também nas mentes de fornecedores, distribuidores e clientes, na forma
de reconhecimento e confiança na marca da empresa, nas características
incorporadas aos produtos ou serviços para facilitar o processo de
decisão de compra, entre outros. Por tudo isso, as empresas começam a
planejar e executar ações que fomentam o acumulo de capital intelectual,
ou capital do conhecimento, para melhorar sua vantagem competitiva.
Empresas não possuem capital
intelectual, elas apenas compartilham desta propriedade com seus
funcionários. Somente reconhecendo essa propriedade compartilhada é que
uma empresa pode gerenciar e lucrar com esses ativos.
“Para criar capital humano que possa
utilizar, uma empresa precisa estimular o trabalho em equipe,
comunidades e prática e outras formas sociais de aprendizado. O talento
individual é ótimo, mas vai embora depois do expediente; as ’estrelas’
da empresa, assim como as estrelas de cinema, precisam sere gerenciadas
como negócios de risco que são”
Capital intelectual bem administrado é
aquele bem distribuído e acessível a todos da empresa. Esta necessidade
nasce com o nome (nada glorioso) de “banco de dados de conhecimento” que
muito além de manuais e e-mails: são grandes iniciativas estratégicas,
lideradas por executivos seniores, que esperam mudar a forma de operação
de suas empresas. A análise desses bancos de dados mostra o que está em
jogo e o que é possível, além de algumas formas pelas quais a
tecnologia de rede pode apoiar planos muito práticos para o
desenvolvimento de estoques de conhecimento compartilháveis.
Sociedade em Rede
Todos os
esforços por compartilhar (e disseminar) informação e conhecimento na
empresa, ou mesmo sobre a empresa, como visto nos capítulos anteriores,
levam à idéia de rede. Partindo do seu conceito, visto que ela
desempenha papel central na caracterização da sociedade na era da
informação, vemos na definição de Castells (1999):
“Rede é um conjunto de nós
interconectados. Nó é o ponto no qual uma curva se entrecorta.
Concretamente, o que um nó é depende do tipo de redes concretas de que
falamos (...) A topologia definida por redes determina que a distância
(ou intensidade e frequência da interação) entre dois pontos (ou
posições sociais) é menor (ou mais frequente, ou mais intensa), se ambos
os pontos forem nós de uma rede do que se não pertencerem à mesma rede.
Por sua vez, dentro de determinada rede, os fluxos não têm nenhuma
distância, ou a mesma distância entre os nós” (1999:498)
Embora há a coincidência histórica entre
concentração de novas tecnologias e a crise econômica da década de 70,
sua sincronia foi muito próxima, e o ajuste tecnológico’ teria sido
demasiadamente rápido e mecânico quando comparado ao que aprendemos com
as lições da Revolução Industrial e de outros processos históricos de
transformação tecnológica: caminhos seguidos pela indústria, economia e
tecnologia são, apesar de relacionados, lentos e de interação
descompassada Castells (1999) afirma ainda que, embora não determine a
tecnologia, a sociedade pode sufocar o seu desenvolvimento,
principalmente por intermédio do Estado. Ou então, também principalmente
pela intervenção estatal, a sociedade pode entrar em um processo
acelerado de modernização tecnológica capaz de mudar o destino das
economias, do poder militar e do bem-estar social em poucos anos.
Seu raciocínio, se aplicado ao Brasil,
pode ser notado no desenvolvimento da Internet no país, o qual foi
inicialmente limitado devido à infra-estrutura telefônica.30 Graças à
privatização da Telebrás, as telecomunicações estão vivendo dias
gloriosos. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações, Anatel,
em 1994, o Brasil tinha 8,4 telefones fixos para cada 100 habitantes.
Em agosto de 99, com a Telebrás privatizada, o número já havia dobrado:
16 linhas para cada 1 00 habitantes, num total de 25,8 milhões de
acessos fixos. A previsão é que haja 31 milhões de telefones fixos e 16
milhões de celulares até o final de 2000.
Solow reafirma o papel do Estado quando
afirma que, nos países sem estabilização monetária, será muito difícil
gerar um programa amplo e contínuo de investimentos em tecnologia. A
instabilidade macroeconômica tende a desestimular o investimento. O
controle da inflação e a conquista da estabilidade são condições
indispensáveis.
“Em primeiro lugar, é muito importante
que o governo assegure a estabilidade e evite repiques da inflação e
grandes desequilíbrios no emprego. Em segundo lugar, é preciso criar um
ambiente favorável ao investimento por meio de uma política monetária e
de impostos. Em terceiro, o governo tem de assegurar o acesso à educação
para todos, e não somente o ensino fundamental, mas também o necessário
para criar um trabalhador qualificado para a indústria moderna” (Solow,
2000)
Ainda em Castells (1999), vemos que a
habilidade ou inabilidade de as sociedades dominarem a tecnologia e, em
especial, aquelas tecnologias que são estrategicamente decisivas em cada
período histórico, traça seu destino a ponto de podemos dizer que,
embora não determine a evolução histórica e a transformação social, a
tecnologia (ou sua falta) incorpora a capacidade de transformação das
sociedades, bem como os usos que as sociedades, sempre em um processo
conflituoso, decidem dar ao seu potencial tecnológico.
Em seu livro “Sociedade em Rede”, Manuel
Castells (2000) estuda o surgimento de uma nova estrutura social,
manifestada sob várias formas conforme a diversidade de culturas e
instituições em todo o planeta.
“Essa nova estrutura social está
associada ao surgimento de novo modo de desenvolvimento, o
informacionalismo, historicamente moldado pela reestruturação do modo
capitalista de produção, no final do século XX”(1999:33)
A perspectiva teórica que fundamenta a
sua abordagem postula que as sociedades são organizadas em processos
estruturados por relações historicamente determinadas de produção,
experiência e poder.
Castells (1999) atribui ao surgimento e à
consolidação da empresa em rede, a resposta ao que o chama de “enigma
da produtividade” e cita Bar e Borus em seu estudo sobre o futuro dos
sistemas em rede:
“Um motivo para que os investimentos em
Tecnologia da Informação não se tivessem transformado em maior
produtividade é que eles serviram principalmente para automatizar as
tarefas existentes. Muitas vezes eles automatizam maneiras ineficientes
de fazer as coisas. A realização do potencial da Tecnologia da
Informação requer uma reorganização substancial. A capacidade de
reorganizar tarefas conforme vão sendo automatizadas depende amplamente
da disponibilidade de uma infra-estrutura coerente isto é, uma rede
flexível, capaz de fazer a interconexão das várias atividades
empresariais informatizadas”.
O autor vê o processo de reestruturação
capitalista, empreendido desde os anos 80, como fator histórico mais
decisivo para a aceleração, encaminhamento e formação do paradigma da
tecnologia da informação e para a indução de suas conseqüentes formas
sociais. Dessa forma, caracteriza o novo sistema econômico e tecnológico
como “capitalismo informacional”.
“Em resumo, uma série de reformas, tanto
no âmbito das instituições como do gerenciamento empresarial, visaram
quatro objetivos principais: aprofundar a lógica capitalista de busca de
lucro nas relações capital/trabalho; aumentar a produtividade do
trabalho e do capital; globalizar a produção, circulação e mercados,
aproveitando a oportunidade das condições mais vantajosas para a
realização de lucros em todos os lugares; e direcionar o apoio estatal
para ganhos de produtividade e competitividade das economias nacionais ,
frequentemente em detrimento da proteção social e das normas de
interesse público.”
Castells aponta a inovação tecnológica e
a transformação organizacional com enfoque na flexibilidade e na
adaptabilidade foram cruciais para garantir a velocidade e eficiência da
reestruturação.
“Pode-se afirmar que, sem a nova
tecnologia da informação, o capitalismo global tem sido uma realidade
muito limitada: o gerenciamento flexível teria sido limitado à redução
de pessoal, e a nova rodada de gastos, tanto em bens de capital quanto
em novos produtos para o consumidor, não teria sido suficiente para
compensar a redução de gastos públicos.
Portanto, o informacionalismo está
ligado à expansão e ao rejuvenescimento do capitalismo, como o
industrialismo estava ligado a sua constituição como modo de produção”
(1999 : 39)
Daniel Bell e Alain Touraine são apontados pelo autor como os precursores do que chama de “informacionalismo”.
Castells (1999) faz uma distinção
analítica entre as noções de “sociedade da informação” e “sociedade
informacional” com conseqüências similares para economia da informação e
economia informacional. Para o autor, o termo sociedade da informação
enfatiza o papel da informação na sociedade, afirmando que a informação,
em seu sentido mais amplo, por exemplo, como comunicação de
conhecimento, o que julga crucial a todas as sociedades. E, ao contrário
o termo informacional indica o atributo de uma forma específica de
organização social (Castells, 1999:36) em que a geração, o processamento
e a transmissão da informação tomam-se as fontes fundamentais de
produtividade e poder devido às novas condições tecnológicas surgidas
nesse período histórico.
O mesmo é feito com os termos industria e
industrial. Uma sociedade industrial (conceito comum na tradição
sociológica) não é apontado apenas como uma sociedade em que há
indústrias, mas uma sociedade em que as formas sociais e tecnológicas de
organização industrial permeiam todas as esferas de atividade,
começando com as atividades predominantes localizadas no sistema
econômico e na tecnologia militar e alcançando os objetivos e hábitos da
vida cotidiana.
Sua denominação das tecnologias da informação:
“o conjunto convergente de tecnologias de microeletrônica, computação (hardware e software) telecomunicações/
radiodifusão, e optoeletrônica (transmissão por fibra ótica e laser)” (1999:49)
radiodifusão, e optoeletrônica (transmissão por fibra ótica e laser)” (1999:49)
Nicholas Negroponte (1995) afirma que vivemos em um mundo que se tornou digital.
Sobre a afirmação Castells (1999)
contesta o exagero profético e a manipulação ideológica com que muitos
tratam a Revolução da tecnologia da informação, cometendo o erro de
subestimar sua verdadeira importância fundamental.
O que o autor mostra em seu trabalho é
que este evento tem a mesma importância da Revolução Industrial do
século XVIII, no sentido de induzir um padrão de descontinuidade nas
bases materiais da economia, sociedade e cultura. Para tanto, cita as
teorias de Melvin Kranzberg e Carroll Pursell que caracterizam o
registro histórico das revoluções tecnológicas através de sua
penetrabilidade, ou seja, por sua penetração em todos os domínios da
sociedade humana, não como fonte exógena de impacto, mas como tecido em
que essa atividade é exercida.
Por outro lado, diferentemente de
qualquer outra revolução, o cerne da transformação que estamos vivendo
na revolução atual refere-se às tecnologias da informação, processamento
e comunicação. Continuando com Castells (1999), ele afirma que a atual
revolução não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas a
aplicação desses conhecimentos e dessa informação para a geração de
conhecimentos e de dispositivos de processamento e comunicação da
informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e
seu uso.
“A tecnologia da informação é para esta
revolução o que as novas fontes de energia foram para as revoluções
industriais sucessivas, do motor a vapor à eletricidade, aos
combustíveis fósseis e até mesmo a energia nuclear, visto que a geração e
distribuição de energia foi elemento principal na base da sociedade
industrial” (1999:50)
Na verdade, as descobertas tecnológicas
ocorreram em agrupamentos, interagindo entre si num processo de retornos
cada vez maiores. Sejam quais forem as condições que determinaram esses
agrupamentos, a principal lição que permanece é que a inovação
tecnológica não é uma ocorrência isolada.
Ela reflete um determinado estágio de
conhecimento um ambiente institucional e industrial específico, uma
certa disponibilidade de talentos para definir um problema técnico e
resolvê-lo; uma mentalidade econômica para dar a essa aplicação uma boa
relação custo/beneficio- e uma rede de fabricantes e usuários capazes de
comunicar suas experiências de modo cumulativo e aprender usando e
fazendo. As elites aprendem fazendo e com isso modificam as aplicações
da tecnologia, enquanto a maior parte das pessoas aprende usando e,
assim, permanecem dentro dos limites do pacote da tecnologia. A
interatividade dos sistemas de inovação tecnológica e sua dependência de
certos "ambientes" propícios para trocas de idéias, problemas e
soluções são aspectos importantíssimos que podem ser estendidos da
experiência de revoluções passadas para a atual.
O sistema tecnológico, em que estamos
totalmente imersos nos anos 90 teve início nos anos 70. Devido à
importância de contextos históricos específicos das trajetórias
tecnológicas e do modo particular de interação entre tecnologia e a
sociedade, Castells (1999) julgou necessário revisitá-la
cronologicamente a fim de situarmos algumas datas associadas a
descobertas básicas na tecnologia da informação.
“Todas têm algo de essencial em comum:
embora baseadas principalmente nos conhecimentos já existentes e
desenvolvidas como uma extensão das tecnologias mais importantes, essas
tecnologias um salto qualitativo na difusão maciça da tecnologia em
aplicações comerciais e civis, devido a sua acessibilidade e custo cada
vez menor, com qualidade cada vez maior.”(1999: 69)
O que distingue a configuração do novo
paradigma tecnológico é sua capacidade de reconfiguração, um aspecto
decisivo em uma sociedade caracterizada por constante mudança e fluidez
organizacional. Tornou-se possível inverter as regras sem destruir a
organização, porque a base material da organização pode ser reprogramada
e reaparelhada.
“Porém, irão devemos evitar um
precipitado julgamento de valores ligado a essa característica
tecnológica. Isso porque a flexibilidade tanto pode ser uma força
libertadora como também uma tendência regressiva, se os redefinidores
das regras sempre forem os poderes constituídos.” (1999: 78)
À nova economia, surgida em escala
global nas duas últimas décadas Castells (1999) dá o nome de
“informacional e global” para identificar suas características
fundamentais e diferenciadas e enfatizar sua interligação.
“É informacional porque a produtividade e
a competitividade de unidades e agente nessa economia (sejam empresas,
regiões ou nações) dependem basicamente de sua capacidade de gerar,
processar e aplicar de forma eficiente a informação baseada em
conhecimentos.
É global porque as principais atividades
produtivas, o consumo e a circulação, assim como seus componentes
(capital, trabalho, matéria-prima, administração, informação, tecnologia
e mercados) estão organizados em escala global, diretamente ou mediante
uma rede de conexões e agentes econômicos” (1999:87)
O autor apresenta o ’paradigma da
tecnologia da informação"através de suas 5 principais características. A
primeira ele aponta a informação como sendo sua principal matéria prima
onde as tecnologias agem sobre a informação, e não apenas informação
agindo sobre tecnologia, como foi o caso das revoluções anteriores.
Um segundo aspecto refere-se à
“penetrabilidade dos efeitos das novas tecnologias”, onde afirma que
informação é parte integral de toda a atividade humana, logo, conclui
que todos os processos de nossa existência individual e coletiva são
diretamente moldados (embora, com certeza, não determinados) pelo novo
meio tecnológico. O terceiro ponto faz referência à “lógica de redes” em
qualquer sistema ou conjunto de relações, usando essas novas
tecnologias da informação.
“A morfologia da rede parece estar bem
adaptada à crescente complexidade de interação e aos modelos
imprevisíveis do desenvolvimento derivado do poder criativo dessa
interação” (1999:78)
Em quarto lugar, referente aos sistemas
de rede, mas sendo um aspecto claramente distinto, o autor afirma que o
paradigma da tecnologia da informação é baseado na flexibilidade.
“O que distingue a configuração do novo
paradigma tecnológico é sua capacidade de reconfiguração, um aspecto
decisivo em uma sociedade caracterizada por constante mudança e fluidez
organizacional” (1999:79)
E, finalmente, uma quinta característica
de revolução é a crescente convergência de tecnologias específicas para
um sistema altamente integrado, no qual as trajetórias tecnológicas
antigas ficam dificeis de se distinguir em separado. Dessa forma, a
microeletrônica, as telecomunicações, a optoeletrônica e os computadores
são todos integrados nos sistemas de informação.
Além disso, em termos de sistemas
tecnológicos, um elemento não pode ser imaginado sem o outro: os
microcomputadores são em grande parte determinados pela capacidade dos
chips as telecomunicações agora são apenas uma forma de processamento da
informação as tecnologias de transmissão e conexão estão,
simultaneamente, cada vez mais diversificadas e integradas na mesma rede
operada por computadores.
“Essa configuração topológica, a rede,
agora pode ser implementada materialmente em todos os tipos de processos
e organizações graças a recentes tecnologias de informação. Sem elas,
tal implementação seria bastante complicada. E essa lógica de redes,
contudo, é necessária para estruturar o nãoestruturado, porém
preservando a flexibilidade, pois o não-estruturado é a força motriz da
inovação na atividade humana” (1999:79)
Os anos 70 foram, ao mesmo tempo, época
provável do nascimento da Revolução da Tecnologia da Informação e uma
linha divisória na evolução do capitalismo, conforme afirmado por Manuel
Castells (1999).
As empresas de todos os países reagiam
ao declínio real da lucratividade ou o temiam, por isso, adotavam novas
estratégias. Algumas delas, como a inovação tecnológica e a
descentralização organizacional, embora essenciais em seu impacto
potencial, tinham um horizonte de prazo relativamente longo.
O autor aponta quatro caminhos para o
aumento do lucro: reduzir custos de produção (começado com custos de
mão-de-obra)- aumentar a produtividade, ampliar o mercado, e acelerar o
giro do capital.
Com ênfases diferentes, dependendo das
empresas ou países, todos estes caminhos foram utilizados e, em todos os
casos, as tecnologias de informação tiveram papel fundamental.
Usando da lógica do autor, o qual propõe
a hipótese de que a ampliação dos mercados e a luta por fatias maiores
dele foram implementadas anteriormente na busca de resultados mais
imediatos. Visto sob este prisma a produtividade estaria diretamente
relacionada à expansão da demanda, visto que o verdadeiro desafio para
as empresas era encontrar novos mercados capazes de absorver uma
crescente capacidade de produção de bens e serviços.
“Para abrir novos mercados, conectando
valiosos segmentos de mercado de cada país a uma rede global, o capital
necessitou de extrema mobilidade, e as empresas precisaram de uma
capacidade de informação extremamente maior. A estreita interação entre a
desregulamentação dos mercados e as novas tecnologias da informação
proporcionou essas condições” (1999: 104)
Sob este ponto de vista, a busca da
lucratividade pelas empresas e a mobilização das nações a favor da
competitividade induziram arranjos variáveis na nova equação histórica
entre a tecnologia e a produtividade. No processo, foi criada uma nova
economia global que pode ser considerada o traço mais típico e
importante daquilo que Castells (1999) denomina “capitalismo
informacional”.
O capital é gerenciado vinte e quatro
horas por dia em mercados globalmente integrados, funcionando em tempo
real pela primeira vez na história e transações no valor de bilhões de
dólares são feitas em questão de segundos, através de circuitos
eletrônicos por todo o planeta.
A economia informacional é global. Uma economia global é uma nova realidade histórica, diferente de uma economia mundial.
Segundo Fernand Braudel e Immanuel
Wallerstein, economia mundial, ou seja, uma economia em que a acumulação
de capital avança por todo o mundo, existe no ocidente, no mínimo,
desde o século XVI. “Uma economia global é algo diferente: uma economia
com capacidade de funcionar como uma unidade em tempo real, em escala
planetária”
Ainda com Castells (1999), este afirma que a economia informacional, assim como acontece com todas as formas de produção historicamente distintas, é caracterizada por cultura e instituições específicas. No entanto, afirma que a cultura, nesta estrutura analítica, não deve ser considerada como um conjunto de valores e crenças ligadas a uma determinada sociedade.
Ainda com Castells (1999), este afirma que a economia informacional, assim como acontece com todas as formas de produção historicamente distintas, é caracterizada por cultura e instituições específicas. No entanto, afirma que a cultura, nesta estrutura analítica, não deve ser considerada como um conjunto de valores e crenças ligadas a uma determinada sociedade.
“O que caracteriza o desenvolvimento da
economia informacional global é exatamente seu surgimento em contextos
culturais nacionais muito diferentes: na América do Norte, Europa
Ocidental, Japão, ’Círculo da China’ Rússia, América Latina e outros
locais do planeta, exercendo influência em todos os países e levando a
uma estrutura de referências multiculturais” (1999 : 173)
Mas a diversidade de contextos culturais
de onde surge e em que evolui a economia informacional não impede a
existência de uma matriz comum de formas de organização nos processos
produtivos e de consumo e distribuição.
“Minha tese é de que o surgimento da
economia informacional caracteriza-se pelo desenvolvimento de uma nova
lógica organizacional que está relacionada com o processo atual de
transformação tecnológica, mas não depende dele. São a convergência e a
interação entre um novo paradigma tecnológico e unia nova lógica
organizacional que constituem o fundamento histórico da economia
informacional” (1999 : 174)
Paradigma Tecnológico
Procurando situar o berço das tecnologias de informação, citar o Vale do Silício é inevitável.
Certamente estas tecnologias alteraram
explosivamente a paisagem empresarial mas, apesar de novas, seus
fundamentos econômicos são velhos: o lucro é um deles.
O paradigma tecnológico o qual nos
atemos neste trabalho é o organizado com base na tecnologia da
informação, este com início na década de 70 nos Estados Unidos, mais
precisamente no Vale do Silício, onde um segmento específico daquela
sociedade interagiu com a economia global e a geopolítica mundial,
concretizando um novo estilo de produção, comunicação, gerenciamento e
vida.
As tecnologias da informação foram
concebidas em ambientes militares, para uso das forças armadas, isso é
sabido, e apesar do papel decisivo do financiamento militar e dos
mercados nos primeiros estágios da indústria eletrônica , da década de
40 à de 60, a explosão desse paradigma de “aldeia global” só veio à tona
graças à “cultura da liberdade, inovação individual e iniciativa
empreendedora oriunda da cultura dos campi norte americanos da década de
60” (Castells, 1999:25)
Seria tentador relacionar a formação
desse paradigma tecnológico diretamente às características de seu
contexto social, em particular, se relembrarmos que, em meados da década
de 70, os EUA e o mundo capitalista foram sacudidos por uma grande
crise econômica, exemplificada (mas não causada) pela crise do petróleo,
em 1973-74. Essa motivou uma reestruturação drástica do sistema
capitalista em escala global e, sem dúvida, induziu um novo modelo de
acumulação em descontinuidade histórica com o capitalismo pós-Segunda
Guerra Mundial.
Assim, o microprocessador, o principal
dispositivo de difusão da microeletrônica, foi inventado em 1971 e
começou a ser difundido em meados dos anos 70. O niicrocomputador foi
inventado em 1975, e o primeiro produto comercial de sucesso, o Apple
11, foi introduzido em abril de 1977, por volta da mesma época em que a
Microsoft começava a produzir sistemas operacionais para
microcomputadores.
A fibra ótica foi produzida em escala
industrial pela primeira vez pela Corning Glass, no início da década de
70. E, finalmente, foi em 1969 que a ARPA (Agência de Projetos de
Pesquisa Avançada do Departamento de Defesa norte-americano) instalou
uma nova e revolucionária rede eletrônica de comunicação que se
desenvolveu durante os anos 70 e veio a se tornar a Internet.
Em outras palavras, a Revolução em
Tecnologia da Informação concentrou-se nos Estados Unidos e, até certo
ponto, na Califórnia nos anos 70, baseando-se nos progressos alcançados
nas duas décadas anteriores e sob influência de vários fatores
institucionais, econômicos e culturais. A tal revolução o autor
acrescenta o importante papel que exerceu, durante a década de 80, na
reestruturação organizacional e econômica pela qual o capitalismo passou
à época.
“O caráter metropolitano da maioria dos
locais da Revolução da Tecnologia da Informação em todo o mundo parece
indicar que o ingrediente crucial em seu desenvolvimento não é a
novidade do cenário cultural e institucional, mas sua capacidade de
gerar sinergia com base em conhecimentos e informação, diretamente
relacionados à produção industrial e aplicações comerciais” (Castells,
1999:75)
À semelhança da escrita, a informática
nasceu do cálculo e da vontade de tratar racionalmente um certo número
de informações sociais. Inventos como o telefone, o rádio e a televisão
usaram padrões de sinais luminosos para representar palavras, sons e
imagens. Os cientistas pensavam que, se estes sinais representassem
números, poderiam ser processados numa máquina elétrica semelhante a uma
calculadora super-rápida.
Os computadores também têm uma
linguagem. É um código formado por dois números ou dígitos - O e 1 - que
se designa código binário. Cada O ou 1 é um dígito binário, ou
abreviando, bit. Estes dois números, combinados em seqüências
diferentes, transportam toda a informação de que um computador precisa -
números decimais, letras e até imagens coloridas.
Negroponte (1995)37 é didático e
simplista quando refere-se aos bits, dirigindo-se a especialista e
leigos, traduz as questões centrais da Era da Informação sem visões
estereotipadas ou tecnicistas: “Um bit não tem cor, tamanho ou peso e é
capaz de viajar à velocidade da luz. Ele é o menor elemento atômico do
DNA da informação” (1995:19)
“Muitas das pessoas que já deram um
pequeno passo rumo à vida digital pensam na largura de banda como um
encanamento. Pensar nos bits como átomos conduz a canos largos,
torneiras e hidrantes. Segundo uma comparação frequente, utilizar a
fibra ótica é como beber água de uma mangueira contra incêndio.
A analogia é construtiva, mas enganosa. A água ou flui ou não flui.
Você pode regular a quantidade da água
que sai de uma mangueira de jardim fechando o registro. Contudo, mesmo
quando a vazão de alguma mangueira contra incêndio reduz-se a um
gotejar, os átomos de água continuam movendo-se em grupo” (1995:40)
O vale do Silício foi transformado em
meio de inovação pela convergência de vários fatores, atuando no mesmo
local: novos conhecimentos tecnológicos; um grande grupo de engenheiros e
cientistas talentosos das principais universidades da área; fundos
generosos vindos de um mercado garantido e do Departamento de Defesa; e,
nos primeiros estágios, liderança institucional da Universidade de
Stanford.
A lição fundamental da história do Vale
do Silício é a de que o desenvolvimento da Revolução da Tecnologia da
Informação contribuiu para a formação dos meios de inovação onde as
descobertas e as aplicações interagiam e eram testadas em um repetido
processo de tentativa e erro: aprendia-se fazendo.
Esses ambientes exigiam (e ainda hoje,
apesar da atuação on-line) concentração espacial de centros de pesquisa,
instituições de educação superior, empresas de tecnologia avançada, uma
rede auxiliar de fornecedores de bens e serviços, e rede de empresas
com capital de risco para financiar novos empreendimentos.
Empresas em Rede
Os
computadores nas mesas de trabalho são transformados em extensões
virtuais de cada empresa, vencendo fronteiras físicas e abrindo mercado
global onde grandes e pequenos, ao usar a nova ferramenta tecnológica,
conduzem negócios em um mundo online, onde tudo passa a acontecer na
velocidade do pensamento.
Francis Fukuiama, cientista político
americano, escreveu o livro “O Fim da História”, onde afirma que “a
transformação mais importante nos últimos anos é a ascensão das
organizações em rede, em detrimento das burocracias centralizadas,
hierárquicas”38. Fukuiama sintetiza em sua afirmação que as empresas
tendem a delegar poderes àqueles mais próximos das fontes de informação
tecnológicas, descentralizando o poder de decisão nas empresas.
A Internet conecta, por exemplo,
usuários de uma mesma rede de franquias, criando um novo canal que
possibilita a resolução dos problemas comuns de gestão e visão de
mercado, tornando-os melhores parceiros. Dessa forma, a comunicação
melhora através da troca on-line de experiências e transforma os
sistemas de treinamento, os quais passam a ficar disponíveis todo o
tempo e de imediato, em texto, voz e imagem.
Ao utilizar a nova ferramenta
tecnológica, se cria uma nova forma de comunicar que encerra em si uma
fórmula que agrega uma linguagem interativa padronizada, permitindo
conectar franqueadores aos franqueados, fornecedores, clientes e
parceiros por todo o globo, fazendo acontecer uma teia de
relacionamentos que conduz, inevitavelmente, a novas oportunidades de
negócio, quer entre consumidores, quer entre usuários da rede.
Dessa forma, os benefícios tangíveis são
as diminuições de custos e aumento de receita através da criação de um
ambiente de gestão eficaz. Isso traz a renovação do agir e decidir,
transformando a informação em um importante aliado, estabelecendo-se,
efetivamente, um diferencial competitivo em relação aos concorrentes.
Hélio Gurovitz, editor digital da
revista EXAME afirma que, desde a primeira menção da palavra “Internet”
nas páginas da revista, em 1994, o país multiplicou em mais de 100 o
número de internautas conectados à rede.
“O número de usuários da Internet passa
de 3,6 milhões e cresce a um ritmo estimado em 50% ao ano. O Brasil já
ocupa a 14° posição mundial no registro de endereços na web, à frente de
países como Coréia, Espanha e China. A Internet abandonou a academia há
tempos e mais de 90% desses endereços pertencem a empresas. E as vendas
pela web a brasileiros correspondem a 88% do comércio eletrônico na
América Latina, avaliado em 160 milhões de dólares em 1998”
Ivan Moura Santos, consultor e doutor em
ciência da computação, também em entrevista à publicação, atenta para
os frutos que a reserva de mercado de informática por qual o Brasil
passou fez com que a cultura do risco permanecesse muito acanhada,
fazendo com que o país não se aproveitasse dos nichos potenciais em
informática. Já Paulo Guedes, também na revista, coloca a educação e a
capacidade humana de adaptação como principais limitadores à aceitação
desta nova cultura empresarial. Seria algo como a evolução de “macaco
digital” a “homo digitalis”.
E completa:
“Estou absolutamente convencido do papel
vital da Internet em uma sociedade do conhecimento e da informação.
Trata-se, realmente, de uma revolução. Mas, se o povo não vier junto,
não haverá ambiente para que todos esses empreendimentos possam
florescer. Estou otimista pois temos hoje a dinâmica de uma sociedade
aberta. A sociedade de informação é isso, é essas interação que pega o
que cada um tem de melhor e põe junto em seu processador (...) Há uma
enorme janela de oportunidades. As revoluções tecnológicas acontecem uma
vez a cada 100 anos. Temos que entender isso e agarrar a nossa
chance”(pg. 30) Jack London, criador da livraria virtual Booknet citou o
seguinte exemplo sobre a adequação das empresas/empresários às
exigências do mercado:
“Jack Welch, presidente da General
Eletric, uma das maiores empresas do mundo, afirmou que a Internet será o
centro da administração da GE. Em 18 meses, quem não estiver
inteiramente dentro da Internet com processos, produtos e métodos de
comunicação não será um fornecedor da empresa. Quando essa atitude for
incorporada pelas demais empresas, haverá uma mudança cultural muito
importante. Eu acho que é preciso apenas apostar nele com um pouco mais
de entusiasmo” A partir da afirmação de Castells (1999) de que, a
primeira e mais abrangente tendência da evolução organizacional
identificada, principalmente no trabalho pioneiro de Piore e Sabel, é a
transição da produção em massa para a produção flexível, ou do
“fordismo” ou “pós-fordismo”, segundo a formulação de Coriat, vemos que o
modelo de produção em massa fundamentou-se em em ganhos de
produtividade obtidos por economias de escala em um processo mecanizado
de produção padronizada com base em linhas de montagem, sob as condições
de controle de um grande mercado por uma forma organizacional
específica: a grande empresa estruturada nos princípios de integração
vertical e na divisão social e técnica institucionalizada de trabalho.
Estes princípios estavam inseridos nos
métodos de administração conhecidos como “taylorismo” e “organização
científica do trabalho”, adotados tanto por Ford quanto por Lenin.
O autor traz outras cinco tendências
identificáveis na trajetória organizacional na restruturação do
capitalismo e na transição do industrialismo para o informacionalismo. A
primeira, citada acima, é seguida da crise da grande empresa e a
flexibilidade das pequenas e médias empresas como agentes de inovação e
fontes de criação de empregos.
“Para alguns, a crise da empresa de
grande porte é consequência da crise da produção padronizada em massa, e
o rejuvenescimento da produção artesanal personalizada e da
especialização flexível é mais bemsucedido pelas pequenas empresas”
(1999 :176)
Novos métodos de gerenciamento são apontados pelo autor como a terceira tendência e atribui ao Japão os principais modelos.
Destaque ao enorme sucesso em
produtividade e competitividade obtido pelas companhias automobilísticas
japonesas, em especial o “Toyotismo” baseado na suposição dos “cinco
zeros” : nível zero de defeitos nas peças; dano zero nas máquinas;
estoque zero; demora zero; burocracia zero. “O toyotismo é um sistema de
gerenciamento mais destinado a reduzir incertezas que estimular a
adaptabilidade” (1999:179)
Sem dúvida, alguns dos mais importantes
mecanismos organizacionais que fundamentaram o aumento da produtividade
nas empresas japonesas parecem ter sido ignorado pelos profissionais
ocidentais especializados em gerenciamento. Assim, Castells (1999) cita
os estudos de Ikujiro Nonaka realizado junto às maiores empresas
japonesas e que propõe um modelo “simples e inteligente” para
representar a geração dos conhecimentos da empresa. O que ele chama de
“empresa criadora de conhecimentos” baseia-se na interação
organizacional entgre os conhecimentos tácitos e explícitos na fonte de
inovação.
Nonaka afirma que muitos dos
conhecimentos acumulados na empresa provêm da experiência e não podem
ser comunicados pelos trabalhadores em ambientes de procedimento
administrativos excessivamente formalizados.
Com isso, não apenas se comunica e
aumenta a experiência dos trabalhadores para ampliar o conjunto formal
de conhecimentos da empresa, mas tambémos conhecimentos gerados no mundo
externo poderão ser incorporados nos hábitos tácitos dos trabalhadores,
capacitando-os a usá-los por si próprios e a melhorar o padrão dos
procedimentos.
Em um sistema econômico em que a
inovação é de suma importância, a habilidade organizacional em aumentar
as fontes de todas as formas de conhecimentos tornase a base da empresa
inovadora. Este processo organizacional, contudo, requer a participação
intensa de todos os trabalhadores no processo de inovação, de forma que
não guardem seus conhecimentos tácitos apenas para benefício próprio.
Os métodos restantes são os modelos de
redes multidirecionais posto em prática por empresas de pequeno e médio
porte, o modelo de licenciamento e subcontratação de produção sob
controle de uma grande empresa, e a interligação de empresas de grande
porte no que passou a ser conhecido como alianças estratégicas.
“A própria empresa mudou seu modelo
organizacional para adaptar-se às condições de imprevisibilidade
introduzidas pela rápida transformação econômica e tecnológica. A
principal mudança pode ser caracterizada como a mudança de burocracias
verticais para a empresa horizontal”
A empresa horizontal é apresentada por
sete tendências principais: organização em torno do processo, e não da
tarefa; hierarquia horizontal; gerenciamento em equipe; medida do
desempenho pela satisfação do cliente; recompensa com base no desempenho
da equipe; informação, treinamento e retreinamento de funcionários em
todos os níveis.
Para operar na nova economia global,
caracterizada pela onda de novos concorrentes que usam novas tecnologias
e capacidades de redução de custos, as grandes empresas tiveram que se
tornar principalmente mais efetivas que econômicas. As estratégias de
formação de redes dotaram o sistema de flexibilidade, mas não parecem
ter resolvido o da adaptabilidade. Dessa forma, a necessidade da própria
empresa em tornar-se rede, dinamizando cada elemento de sua estrutura
interna e absorvendo os benefícios desta flexibilidade é inegável.
O professor C. K. Prahalad, da
Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, alerta que, daqui para a
frente, deve haver a escolha: mudanças profundas ou morte lenta. Algo
como no Velho Oeste: o mais lento sempre morre no final dos duelos.
O problema é que tais mudanças devem partir do próprio empresário. Deve haver comprometimento. Prahalad ainda:
“Os novos executivos precisam entender o
cenário global e, ao mesmo tempo, agir nos detalhes. Eles precisam ser
fortemente orientados para resultados. Num ambiente de globalização, as
mudanças são rápidas e, aliado à pressão pela inovação, as empresas
perdem, gradativamente, seu caráter local”.
Esta adaptação de empresa vertical às
exigências de flexibilidade da economia global teve como obstáculo a
rigidez das culturas corporativas tradicionais. Durante a difusão maciça
da tecnologia da informação, nos anos 80, supunha-se que ela fosse a
ferramenta mágica para reformar e transformar a empresa industrial. Mas
sua introdução na ausência da necessária transformação organizacional,
de fato, agravou os problemas de burocratização e rigidez.
Definindo o que vem a ser “empresa em
rede” de forma mais precisa, Castells afirma ser um sistema de meios
estruturados com o propósito de alcançar objetivos específicos.
“Ainda acrescentaria uma segunda
característica analítica, adaptada da teoria de Alain Touraine. Sob uma
perspectiva evolucionária dinâmica, há uma diferença fundamental entre
dois tipos de organizações: organizações para as quais a reprodução de
seus sistemas de meios transforma-se em seu objetivo organizacional
fundamental; e organizações nas quais os objetivos e as mudanças de
objetivos modelam e remodelam de forma infinita a estrutura dos meios.
O primeiro tipo de organizações chamo de burocracias; o segundo de empresas” (1999:191)
Prahalad afirma que, em cinco anos, 50%
de tudo o que sabemos hoje será “tóxico”. Líderes são pessoas que criam
seu próprio futuro e aprendem com o passado.
“Só planeja o futuro, porém, quem
consegue ser flexível. Eu comparo o presente a uma orquestra sinfônica e
o futuro a uma orquestra de jazz. A orquestra de jazz improvisa. Há um
entendimento mútuo de cada um dos músicos, sem necessidade de partitura.
A administração do futuro vai sair do estilo do maestro de uma
sinfônica para o do maestro de uma banda de jazz. O executivo da nova
era terá de ter mais flexibilidade para mudar e mais tolerância com as
diferenças.”
Acrescentando às palavras do professor
Prahalad tudo aquilo que foi dito no decorrer destas lições, ao
executivo cabe a flexibilidade e a adaptabilidade às constantes mudanças
trazidas com a globalização dos mercados e a velocidade com que a
informação chega ao seu destino.
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