ntrodução
Globalização, novas
tecnologias de informação e comunicação, avanços da ciência e da
tecnologia são fenômenos que gestam mudanças sociais, culturais,
políticas, econômicas que, por sua vez, exigem da escola novos saberes,
novas posturas, novas propostas educativas.
Como se configura a atuação do Coordenador Pedagógico, nesse contexto de mudanças?
Este curso propõe-se a oportunizar um
tempo/espaço aos estudantes para refletir, pensar, dialogar e assumir um
caminho no exercício desse significativo papel em escolas de Educação
Básica.
O curso compõe-se de cinco lições que
abordam a Coordenação Pedagógica desde as perspectivas: teórica,
metodológica e prática com a intencionalidade de provocar a caminhada,
que é própria de cada um, do contexto onde atua ou atuará, de suas
crenças, de suas forças e de suas concepções teóricas.
O primeiro capítulo intitulado O Papel
do Coordenador Pedagógico: Desafios e Possibilidades aborda de forma
geral o objeto de estudo, e abre aspectos históricos sobre a trajetória
da Coordenação Pedagógica na educação brasileira.
Na seqüência, o segundo capítulo,
denominado A Coordenação Pedagógica na Perspectiva do Pensamento
Complexo, expressa a configuração pedagógica do pensamento complexo à
luz do pensamento de Edgar Morin e as possibilidades da Coordenação
Pedagógica para romper com modelos pedagógicos repetitivos, mecânicos e
previsíveis.
O terceiro capítulo, Projeto Político
Pedagógico: Construção e Organização do Trabalho Pedagógico, apresenta o
compromisso do Coordenador Pedagógico no processo de elaboração,
implantação e avaliação do Projeto Político- Pedagógico da escola.
Em continuidade, o capítulo quatro A
Coordenação Pedagógica e a Formação Contínua de Professores embrenha-se
em questões relativas à formação contínua dos professores, como uma
significativa atuação do Coordenador Pedagógico em prol das mudanças que
o contexto social, cultural, político e econômico, está a exigir da
escola.
Finalizamos com o quinto capítulo,
denominado As Múltiplas Implicações da Prática do Coordenador
Pedagógico, que, numa simbiose entre teoria e prática, coloca a atuação
do coordenador pedagógico, num contexto abrangente, visualizando na
prática, as implicações da dialética educacional e seus determinantes
para que as mudanças sejam efetivadas na escola.
O Papel do Coordenador Pedagógico
O
coordenador pedagógico muito antes de receber esse nome, existia na
escola com as mais diferentes denominações e funções. Às vezes atuava
como fiscal, era ele quem checava o que ocorria em sala de aula e
normatizava o que podia ou não ser feito. Não tinha muito conhecimento
pedagógico e não conseguia criar vínculos, pois não era visto pelos
colegas como alguém confiável para compartilhar experiências.
Outras vezes o coordenador pedagógico
era um mero atendente, sem campo específico de atuação, apagando focos
de incêndio e, perdido no cotidiano escolar, não conseguia construir
propostas que envolvessem o grupo em um trabalho coletivo.
O coordenador pedagógico ao passar dos
anos se faz cada vez mais necessário e começa a se explicitar para
muitos dos envolvidos que vários estilos de coordenar os trabalhos nas
escolas estão em construção.
Certa inquietação acompanha essas
práticas singulares e às vezes isoladas, demonstrando de diferentes
maneiras a importância de definir espaços, os quais ainda não estão
assegurados e, por muitas vezes, são ameaçados pelas relações de poder
que permeiam o ambiente escolar. Estas diferentes maneiras estão
implícitas nas ações do coordenador, que todos os dias tem a difícil
tarefa de ligar e interligar pessoas.
Por outro lado, já é possível perceber
um movimento criativo e com iniciativas próprias, que por não estar
institucionalizado, está em processo de construção e conquista do seu
próprio espaço. Nesse sentido, é preciso um tempo de acomodação das
conquistas e avaliação da prática, pois o aprendizado vem de buscas por
respostas, práticas pedagógicas e relações do cotidiano escolar que
influenciam diretamente no trabalho pedagógico.
Junto a essa multiplicidade de ações do
coordenador pedagógico, é necessário um trabalho que valorize a análise
da realidade através da interligação dos olhares de todos os atores do
contexto escolar, objetivando um movimento de aprender através da
construção coletiva da realidade.
É assim que vai se delineando o sentido
de ser um coordenador de processos de aprendizagem e de desenvolvimento
tão complexos como os que vivenciamos diariamente nas escolas. O
trabalho deve estar sempre direcionando para o coletivo.
Portanto, é necessário que o coordenador
esteja consciente de que é um mediador dos diferentes atores escolares,
com o objetivo de construir um projeto político-pedagógico coerente com
a realidade escolar, buscando assim garantir que de seus diferentes
lugares, a comunidade escolar apresente suas expectativas e sugestões em
relação a eventuais mudanças e construa um efetivo trabalho em torno do
projeto político-pedagógico da escola.
No decorrer desse trabalho é claro que
haverá muitas discordâncias e resistências à mudança. Mas é assim, com
divergências de opiniões, que a escola construirá uma proposta
significativa e coerente ao contexto escolar.
MOVIMENTO DE CONSTRUÇÃO COLETIVA
A figura 1 ilustra o movimento que deve
ocorrer no cotidiano escolar para que seja atingido o principal objetivo
da escola: o aluno.
A linguagem ocupa destaque no âmbito
escolar, pois quando o coordenador pedagógico age em determinado
contexto e suas ações se concretizam pela mediação através da linguagem,
sendo ele um articulador entre os aspectos pedagógicos e
administrativos, é primordial que desenvolva um trabalho
co-participativo envolvendo todos os seguimentos da escola.
Supervisor ou coordenador, como seja
definido no seu campo de atuação, necessita ter a visão de todo o
universo escolar para que possa intervir e articular as condições
necessárias para o desempenho profissional do professor e,
conseqüentemente, para o bom andamento do processo ensino-aprendizagem.
TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA NO BRASIL
A idéia de um trabalho pedagógico, de viés fiscalizador, inicia-se, no Brasil, com as escolas jesuíticas. O documento Ratio Studiorium, publicado em 1599, determinava, rigorosamente, a organização das escolas jesuítas localizadas em qualquer parte do mundo, de modo a dar uma unidade de atuação e assegurar os interesses da Igreja Católica. Os jesuítas, no dizer de Manacorda (1999, p. 202), “campeões máximos na luta da Igreja Católica contra o protestantismo”, precisavam assegurar o cumprimento das regras estabelecidas no Ratio Studiorum. Assim, as escolas possuíam o Prefeito de Estudos que configurava uma idéia fiscalizadora do cumprimento das regras estabelecidas pelo Ratio Studiorum.
As Reformas Pombalinas que traziam em
seu bojo idéias anticlericais, influenciadas pelo movimento doutrinário
denominado enciclopedismo, resultou na expulsão dos jesuítas de Portugal
e de suas colônias. Assim, em 1759 toda a organização das escolas
jesuíticas, no Brasil, foi extinta e que na época consistia em: 17
colégios e seminários, 25 residências, 36 missões, “sem contar os
seminários menores e as escolas de ler e escrever, instaladas em quase
todas as aldeias e povoações onde existiam casas da companhia de Jesus”
conforme Azevedo (1964, p. 530).
O Brasil ficou sem sistema organizado de
ensino durante largo período. Em 1772, o governo lançou as aulas régias
que consistiam no ensino de disciplinas isoladas como cálculo, letras,
artes, latim, grego e retórica, ministrado por leigos, padres e
capelães.
Em 1799, Portugal autorizou ao Vice-rei o
direito de “nomear anualmente um professor para visitar as aulas e
informar-lhe sobre o estado da instrução” (AZEVEDO, 1964, p. 542). Esses
professores fiscalizavam o funcionamento das escolas, os métodos de
ensino, o comportamento dos professores e o aproveitamento dos alunos.
Percebe-se a presença do pensamento fiscalizador, no momento em que,
pela primeira vez na história, o governo assume os encargos da educação
no Brasil.
Em 1808, a Coroa Portuguesa, fugindo da
ocupação francesa, instalou-se no Brasil, sob regência de Dom João VI.
Com o objetivo de atender as necessidades culturais e educacionais da
nobreza que compunha a corte, Dom João VI implantou várias medidas no
âmbito educacional e cultural.
Nenhuma medida foi tomada para
beneficiar as condições culturais, sociais e econômicas da população.
Assim, as aulas régias mantiveram-se durante todo período.
A primeira lei para instrução pública,
promulgada em 1827, determinava a criação de escolas de primeiras letras
em todas as cidades vilas e vilarejos e propunha um método de ensino
mútuo, de origem inglesa. Nesse método, os alunos mais adiantados, sob
supervisão de professores, instruíam os demais colegas.
Percebe-se, neste período histórico que caracteriza o Primeiro Império, a função fiscalizadora exercida pelo professor.
Em 1854, o governo imperial, estabeleceu
mecanismo de controle e inspeção em todas as escolas, colégios, e
instituições de ensino, através da criação da Inspetoria Geral de
Instrução Pública Primária e Secundária da Corte, administrada por um
Inspetor Geral, a quem cabia a fiscalização e padronização das rotinas
escolares e vigilância sobre os professores. Cabia-lhe, também,
informar, anualmente, ao governo a situação da instrução primária e
secundária, nas províncias.
Considerando que o município onde se
localizava a Corte servia de modelo, cada província organizou também
mecanismos próprios de fiscalização das escolas e dos professores.
Verifica-se que a idéia fiscalizadora
atravessa a educação desde os jesuítas até o final do Império e, como
vemos, mantém-se até ao governo, liderado pelos militares.
No período da primeira república, a
educação manteve as mesmas bases trazidas desde a Colônia e o Império.
Nos primeiros anos do regime republicano, o contexto educacional não
sofreu alterações significativas. A fiscalização, orientação, controle e
inspeção do processo educacional consistia em tarefa do inspetor
escolar, “provável ancestral do coordenador pedagógico” (ROMAN, 2001, p.
12).
Nos anos 20, surge a figura dos técnicos
em educação. A propagação, no Brasil, dos ideais da Escola Nova e a
criação da Associação Brasileira de Educação (ABE) impulsionaram essa
categoria profissional. Medina (2002) denominou, entre os quatro
momentos que identificou, como sendo o primeiro momento da coordenação
pedagógica no Brasil.
Em 1925, por decreto federal, foi criado
o Departamento Nacional do Ensino e o Conselho Nacional de Ensino. Esse
decreto marca o início da criação de órgãos específicos para o trato de
assuntos educacionais, pois até então, esses assuntos estavam
vinculados a outras repartições, tais como Ministério da Justiça e
Negócios Interiores, Ministério da Instrução, Correios e Telégrafos.
A separação entre o âmbito
administrativo e técnico sinaliza a condição para a desvinculação da
figura do supervisor da figura do diretor e do inspetor.
É quando se quer emprestar à figura do
inspetor um papel predominantemente de orientação pedagógica e de
estímulo à competência técnica, em lugar da fiscalização para detectar
falhas e aplicar punições, que esse profissional passa a ser chamado de
supervisor (SAVIANI, 2008, p. 26-27).
Ao trazermos a palavra de Saviani com a
denominação supervisor, cabe-nos esclarecer que, conforme Rangel (2008),
a coordenação é também um designativo que se atribui a conduta
supervisora que cria e estimula oportunidade de organização comum e de
integração do trabalho em todas as suas etapas. A palavra pedagógica
delimita o âmbito de atuação. Por isso, tratamos como coordenação
pedagógica o que os autores Medina e Saviani denominam supervisão.
A ascensão de Getúlio Vargas à
presidência da República em 1930, cuja política definiu os rumos do
Brasil para uma sociedade capitalista de caráter nacionalista, promoveu
uma sequência de reformas educacionais. Dentre essas reformas,
destaca-se a criação de cursos de Pedagogia para, além de formar
professores para as disciplinas específicas dos cursos de formação de
professores, formar técnicos em educação, cujas funções não eram
claramente definidas. Este período configura, para Medina (2002), o
segundo momento da coordenação pedagógica no Brasil.
A partir de 1964, um golpe civil e militar implantou o regime autoritário no Brasil. Para ajustar a educação aos interesses do regime, foram implantadas novas reformas na educação brasileira. Entre elas, a reformulação do curso de Pedagogia orientando-o para a criação de habilitações, centradas no âmbito técnico, particularizadas por função: administração, inspeção, supervisão e orientação. E também para a formação de professores para os cursos de formação do magistério.
A partir de 1964, um golpe civil e militar implantou o regime autoritário no Brasil. Para ajustar a educação aos interesses do regime, foram implantadas novas reformas na educação brasileira. Entre elas, a reformulação do curso de Pedagogia orientando-o para a criação de habilitações, centradas no âmbito técnico, particularizadas por função: administração, inspeção, supervisão e orientação. E também para a formação de professores para os cursos de formação do magistério.
Para Saviani (2008), a formação dessas funções era garantir a eficiência e a produtividade do processo educativo.
E isso seria obtido por meio da
racionalização que envolvia o planejamento do processo sob o controle de
técnicos supostamente habilitados, passando os professores a plano
secundários, isto é, subordinação racional dos meios (SAVIANI, 2008, p.
30).
Aqui configura-se o terceiro momento da coordenação pedagógica, no Brasil, conforme identificação de Medina (2002).
A estruturação do curso de Pedagogia em
habilitações, entre elas a supervisão configura a perspectiva de
profissionalização dessa função, ancorada na demanda e a especificação
das características da profissão, desenhadas pelos cursos de Pedagogia.
No final do período autoritário, inicia -
se questionamentos no Brasil sobre o papel dos especialistas em
educação e, em especial do coordenador pedagógico, identificado por
Medina (2002) como o quarto e último momento da coordenação pedagógica.
E a transição para o quinto momento?
Finalizamos, com o pensamento de
Ferreira (2008, p. 237), com o qual compartilhamos, e que, talvez, possa
responder essa indagação:
Um novo conteúdo, portanto, se
impõe, hoje, para a supervisão educacional: novas relações se
estabelecem e novos compromissos desafiam os profissionais da educação a
uma nova prática não mais voltada só para a qualidade do trabalho
pedagógico e suas rigorosas formas de realização, mas também e,
sobremaneira, compromissada com a construção de um novo conhecimento – o
conhecimento emancipação -, com as políticas públicas e a administração
da educação no âmbito mais geral.
A Coordenação Pedagógica na Perspectiva do Pensamento Complexo
Este capítulo aborda a atuação do coordenador pedagógico na perspectiva do pensamento complexo.
O capítulo compõe-se de três enfoques: o
primeiro trata do conceito e, princípios do pensamento complexo; o
segundo, da escola nessa ótica e o terceiro engendra a atuação da
coordenação pedagógica na perspectiva do pensamento complexo.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Atualmente, todos nós, homens e
mulheres, propomos e argumentamos a favor de uma educação, mais humana,
mais harmoniosa com o meio ambiente, solidária, compreensiva da
diferença que há entre os seres que habitam o planeta, com valores
guiados pela paz, pela liberdade e pela justiça social.
Prioritariamente, a capacidade de
enfrentar realidades complexas e incertas, que formam a sociedade atual
demanda aos educadores uma nova forma de pensar a educação, uma nova
narrativa em educação, que dê respostas a esse novo mundo ordenado pela
globalização e pelo avanço tecnológico.
Os processos educativos apresentam-se
como complexos, propiciando mudanças não pensadas e situações
imprevisíveis que fazem os educadores distanciarem-se da concepção de
uma educação linear e estável. Para alcançar esta educação, os avanços
no âmbito das ciências naturais e sociais indicam para o paradigma da
complexidade.
O PARADIGMA DA COMPLEXIDADE
O historiador, sociólogo e filósofo
francês Edgar Morin foi quem introduziu o conceito de pensamento
complexo na perspectiva de construir um novo modo de pensar e de
racionalizar desde a perspectiva da complexidade dos fenômenos.
Em termos corriqueiros, a palavra
complexo refere-se à idéia de complicado, de algo emaranhado, composto
de múltiplos aspectos e de difícil compreensão.
A etimologia da palavra complexidade tem
origem no latim, provém de complectere, cuja raiz plectere significa
ligar, entrelaçar, tecer em conjunto. Alude ao ofício de cesteiro, que
consiste em formar um círculo unindo e juntando o princípio e o fim das
varas de vime. O prefixo com acrescenta o sentido da dualidade, isto é, a
existência de dois princípios ou posições contrárias, opostas que se
entrelaçam intimamente, contudo sem invalidar sua dualidade.
O dicionário Houaiss de Língua Portuguesa (2001, p. 776) assim define complexo:
Diz-se de ou conjunto, tomado como
um todo mais ou menos coerente, cujos componentes funcionam entre si em
numerosas relações de interdependência ou de subordinação, de apreensão
muitas vezes difícil pelo intelecto e que geralmente apresentam diversos
aspectos.
Assim, o termo complexo indica a
qualidade que possui alguma coisa ao estar formada por um número maior
de elementos estreitamente organizados entre si: fenômenos, situações,
comportamentos, processos, estruturas, outros.
À luz do ponto de vista de Morin (2003,
p. 61) o pensamento complexo é animado, permanentemente, por uma “tensão
entre a aspiração a um saber não fragmentado, não dividido, não
reducionista, e o reconhecimento do caráter inacabado e incompleto de
qualquer conhecimento”. A análise clássica de explicação e estudos dos
fenômenos ou dos sistemas complexos recorta, separa e reduz o objeto
estudado.
Percebe-se então, que o pensamento
complexo reconhece a qualidade do incompleto, do inacabado de todo o
conhecimento, da incapacidade para conseguir a certeza total, da
formulação de leis eternas e a concepção de uma ordem absoluta. Para
esse pensador, todo o conhecimento tem em si mesmo a marca da incerteza.
O pensamento complexo consiste num modo
de pensar ativo e crítico. Crítico porque provoca o repensar das coisas
da ciência; ativo porque apropria-se e questiona os conceitos
científicos, como também os transforma. E, ainda, porque busca articular
os saberes dos diversos âmbitos da ciência para construir conceitos e
princípios que se inserem em uma construção mais ampla do conhecimento
humano (CONTRERAS, 2006).
Em síntese, o pensamento complexo
favorece o estudo das relações e das casualidades múltiplas, inclusive
contraditórias, da realidade.
A ESCOLA NA PERSPECTIVA DO PENSAMENTO COMPLEXO
A humanidade atravessa uma época de muitas, grandes e vertiginosas mudanças em todos os âmbitos da atividade humana o que tem levado a indagações sobre a finalidade da escola. No dizer de Demo (2007), há um distanciamento evidente entre a escola e o mundo das crianças e dos adolescentes, o que estaria exigindo uma radical redefinição da escola. Entendemos que esse distanciamento da escola não é somente do mundo das crianças e adolescentes, mas da realidade social, política, econômica, ética, política, cultural do local e do global.
Em 1999, a UNESCO solicitou a Morin a
sistematização de reflexões que possibilitassem o repensar da educação
para o século XXI. O renomado pensador francês sistematizou suas
reflexões em sete eixos que denominou de saberes e que são: as cegueiras
do conhecimento: o erro e a ilusão; os princípios do conhecimento
pertinente; ensinar a condição humana; ensinar a identidade terrena;
enfrentar as incertezas; ensinar a compreensão; a ética do gênero
humano.
Esses eixos favorecem a reflexão de
todos os envolvidos em educação sobre as finalidades da educação,
conforme breve síntese de cada saber:
- As cegueiras do conhecimento: o erro e
a ilusão. Morin (2007) afirma que todo o conhecimento comporta o risco
do erro e da ilusão. Cabe a educação mostrar que não há conhecimento que
não esteja, em algum grau, ameaçado pelo erro e pela ilusão e
identificar a procedência desses erros, ilusões e cegueiras.
O conhecimento, sob forma de palavra, de
idéia, de teoria, é o fruto de uma tradução/reconstrução por meio da
linguagem e do pensamento e, por conseguinte, está sujeito a erro. Este
conhecimento, ao mesmo tempo tradução e reconstrução, comporta a
interpretação, o que introduz o risco do erro na subjetividade do
conhecedor, de sua visão de mundo e de seus princípios de conhecimento
(MORIN, 2007, p. 20).
- Os princípios do conhecimento
pertinente: requer-se da educação, a promoção do conhecimento capaz de
vincular as partes ao todo, contrapondo-se ao conhecimento fragmentado e
reducionista. Quer dizer, ensinar conhecimentos significativos para a
vida das pessoas a partir de seu meio, mas alargando-os a um contexto
amplo, transcultural e planetário. “O parcelamento e a compartimentação
dos saberes impedem aprender o que está tecido junto” (op. cit., p. 45).
- Ensinar a condição humana: implica em
restaurar, na educação, a condição humana. À educação cabe desenvolver o
conhecimento que resulte na tomada de consciência “da condição comum a
todos os humanos e da muito rica e necessária diversidade dos
indivíduos, dos povos, das culturas, sobre nosso enraizamento como
cidadãos da Terra” (op. cit., p. 61).
- Ensinar a identidade terrena; o
objetivo fundamental e global de toda a educação consiste em “civilizar e
solidarizar a Terra, transformar a espécie humana em verdadeira
humanidade”, conforme Morin (op. cit., p. 78). Assim, a educação do
século XXI visa à solidariedade e à comiseração recíproca, de indivíduo
para indivíduo para indivíduo, de todos para todos.
- Enfrentar as incertezas; o processo
educativo precisa gestar estratégias que possibilitem o enfrentamento
dos imprevistos, do inesperado e da incerteza. ”Saibamos, então, esperar
o inesperado e trabalhar pelo improvável” (MORIN, 2007, p. 92).
- Ensinar a compreensão; cabe à educação
o estudo das raízes, das modalidades e dos efeitos de incompreensão,
identificando as causas do racismo, da xenofobia, do desprezo.
“Considerando a importância da educação para a compreensão, em todos os
níveis educativos e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão
pede a reforma das mentalidades” (op. cit.,, p.17).
- A ética do gênero humano: a educação
que objetive o desenvolvimento “verdadeiramente humano deve compreender o
desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, das participações
comunitárias e da consciência de pertencer à espécie humana” (op. cit.,
p. 17). Com esta afirmação, Morin aponta para as três unidades que
compõem a condição humana: indivíduo/sociedade/espécie.
Assim, prioritariamente, cabe à educação
educar para a construção de uma sociedade-mundo, constituída por
“cidadãos protagonistas, envolvidos de forma consciente e crítica na
construção de uma civilização planetária” (MORIN; MOTTA; CIURANA, 2003,
p. 107).
À luz desses sete saberes, Contreras
(2006) propõe incorporar as seguintes finalidades à educação, as quais
ampliamos às escolas em geral:
Educar para a era planetária no sentido
formar cidadãos comprometidos com a construção de uma civilização viável
a longo prazo, solidária em sua diversidade, com uma consciência de
superação do “enclaustramento local, das suas culturas, das suas etnias e
das suas nações” (MORIN, 2003, p. 96). Religar saberes no sentido de
situar os conhecimentos nos contextos que dão luz ao seu sentido,
situando-os na realidade global da qual fazem parte, o que demanda
competência para contextualizar, globalizar e antecipar esses
acontecimentos.
Formar para a vida no sentido de
desenvolver a sensibilidade, o sentimento de pertencimento, o gozo de
viver a vida, superando uma concepção de educação fundamentada somente
para o treinamento e profissões demandas pelo mercado.
Todo o conhecimento, mesmo o utilitarista deve ser permeado pela estética, as artes, a filosofia, a ética, a poesia.
Promover a democracia cognitiva no
sentido da escola desenvolver meios e estratégias para a socialização e a
difusão dos conhecimentos, fora dos mecanismos de mercado e promover
que os conhecimentos científicos, sobretudo aqueles que têm especial
incidência na qualidade de vida das sociedades, sejam patrimônio da
humanidade. Percebe-se que na sociedade atual, há concentração dos
conhecimentos científicos e tecnológicos em restritos setores,
principalmente nas grandes corporações industriais. Percebe-se ainda, o
alargamento da distância entre os que têm acesso à educação e os que não
têm. Cabe à escola desenvolver meios para que os conhecimentos sobre os
problemas transcendentais da humanidade sejam socializados,
principalmente aqueles que têm especial incidência sobre a qualidade de
vida das sociedades.
Educar para a incerteza: no sentido da
escola educar para uma realidade que não está sujeita a um conjunto de
fenômenos regidos por ações e efeitos lineares, determinados e
previsíveis e por verdades absolutas. O processo educativo requer educar
para a incerteza, isto é, para as indeterminações, para os imprevistos,
para a não linearidade. Conforme Morin (2000, p. 56) “convém fazer a
convergência de diversos ensinamentos, mobilizar diversas ciências e
disciplinas para ensinar a enfrentar a incerteza”.
E a escola, diante desse desafio?
O paradigma que tem predominado na
escola fundamenta-se numa visão simples, reducionista e limitada da
formação humana. Fundamentada nesse paradigma, a escola “reduz a
educação à escolarização; a avaliação a uma bateria de provas; reduz a
experiência de vida aos livros texto; a aprendizagem ao alcance de
objetivos; simplifica a globalidade do mundo em disciplinas isoladas; o
desejo à imobilidade nas cadeiras; a criação à repetição e memorização”
(CERVERÓ, 2006, p. 95). Dessa forma, conforme a autora, esta
simplificação, reducionismo e controle têm favorecido a formação de
trabalhadores obedientes, de sujeitos consumistas e com consenso social.
Por mais que a escola pretenda
antecipar, controlar e dominar os processos e os sujeitos da educação, a
complexidade, as incertezas, as contradições também perpassam pela sua
vida. Perpassa também, a tensão entre a fragmentação dos saberes e a
multidimensionalidade da vida real (ALARCÃO, 2000).
A concepção de escola reflexiva, já
abordada, configura uma “organização que continuadamente se pensa a si
própria, na sua missão social e na sua estrutura, e se confronta com o
desenrolar da sua atividade num processo simultaneamente avaliativo e
formativo” (ALARCÃO, 2000, p. 13).
Uma escola que se pensa, se confronta e
avalia a sua própria missão e práticas favorece o entrelaçamento com as
finalidades propostas à educação por Contreras (2006). Por quê? Porque a
escola que pensa, que se reavalia, tem ambiente propício a mudanças.
O COORDENADOR PEDAGÓGICO NA PERSPECTIVA DO PENSAMENTO COMPLEXO
A escola que se quer reflexiva, demanda uma ação da coordenação pedagógica que supere a perspectiva tradicional linear, hierarquizada e burocrática e que, numa visão inovadora, concretize um trabalho coletivo, centrado nas problemáticas escolares, geradas pela complexidade, pelas incertezas, pelas contradições e pela tensão entre os saberes fragmentados e a multidimensionalidade da vida real que, como já vimos, perpassam pela escola.
No diálogo do coordenador com demais
gestores e professores surgem formas para encaminhar um processo
educativo que rearticule, reintegre e religue o que as disciplinas
isoladas vêm fragmentando. Dentre as múltiplas possibilidades, Martinez
(2006) aponta a formação de grupos de estudos como uma das condições que
favorecem:
- a construção e geração de
conhecimentos interdisciplinares, isto é, a interação de duas ou mais
disciplinas que pode ir desde a simples comunicação até a integração
recíproca de conceitos fundamentais e da teoria do conhecimento;
- propagação de uma visão que favoreça a explicação e compreensão da realidade local e global, sem fragmentações, num grau máximo de relações entre as disciplinas (SABALA, 2002);
- a elaboração de materiais didáticos utilizáveis por duas ou mais disciplinas que interagem;
- divulgação de uma visão que permita a explicação e a compreensão, dos fenômenos locais e globais, numa perspectiva complexa;
- criação de condições favoráveis ao uso das novas tecnologias de informação e comunicação que contribuam para entendimento global dos fenômenos e objetos de conhecimento;
- elaborações textuais que integrem, relacionem e entrelacem conhecimentos de duas ou mais disciplinas, configurando a interdisciplinaridade;
- criação de espaços permanentes de diálogo entre todos os componentes da comunidade escolar, viabilizando a troca de saberes e de experiências pedagógicas que contribuam para a compreensão global da realidade;
- manutenção de intercâmbios com instituições locais, nacionais e internacionais que assegurem uma visão integral da realidade local e mundial;
- favorecimento ao desenvolvimento de um processo de ensino e aprendizagem que promova a autonomia dos estudantes;
- compartilhamento de métodos de trabalho que transformem os originais e gestem inovações metodológicas ao processo de ensino-aprendizagem;
- propagação de uma visão que favoreça a explicação e compreensão da realidade local e global, sem fragmentações, num grau máximo de relações entre as disciplinas (SABALA, 2002);
- a elaboração de materiais didáticos utilizáveis por duas ou mais disciplinas que interagem;
- divulgação de uma visão que permita a explicação e a compreensão, dos fenômenos locais e globais, numa perspectiva complexa;
- criação de condições favoráveis ao uso das novas tecnologias de informação e comunicação que contribuam para entendimento global dos fenômenos e objetos de conhecimento;
- elaborações textuais que integrem, relacionem e entrelacem conhecimentos de duas ou mais disciplinas, configurando a interdisciplinaridade;
- criação de espaços permanentes de diálogo entre todos os componentes da comunidade escolar, viabilizando a troca de saberes e de experiências pedagógicas que contribuam para a compreensão global da realidade;
- manutenção de intercâmbios com instituições locais, nacionais e internacionais que assegurem uma visão integral da realidade local e mundial;
- favorecimento ao desenvolvimento de um processo de ensino e aprendizagem que promova a autonomia dos estudantes;
- compartilhamento de métodos de trabalho que transformem os originais e gestem inovações metodológicas ao processo de ensino-aprendizagem;
- geração de soluções inéditas e inovadoras para o encaminhamento de respostas aos problemas e objetos de estudos.
Enfim, o coordenador pedagógico, numa
ação de caráter problematizador, compartilhará com seus pares, na
escola, estudos, pesquisas e perspectivas em relação ao conhecimento, na
busca de outro sentido às teorias, aos currículos, aos métodos e as
práticas educativas, fazendo um esforço a contracorrente de uma educação
que tem sido reduzida a um conjunto de procedimentos programáticos,
previsíveis, repetitivos e mecânicos (SANTOS REGO, 2006).
CONCLUSÃO
Este capítulo abordou o pensamento
complexo na perspectiva da coordenação pedagógica, considerando que o
objeto de seu trabalho é a produção do professor. Num mundo em
vertiginosas mudanças, os fundamentos do pensamento complexo poderão
contribuir na aproximação da escola ao mundo das crianças e dos
adolescentes, conforme Demo (2007), já referido. Ao que
acrescentaríamos: aproximar a escola do mundo de todos nós: homens,
mulheres, crianças, adolescentes de qualquer raça, crença, religião.
Projeto Político Pedagógico
O
presente capítulo tem a intenção de refletir sobre o papel social da
escola e algumas dimensões do projeto político pedagógico, quando
compreendido como a própria organização do trabalho pedagógico da
escola. Os aspectos que serão abordados levantarão questionamentos
pertinentes à construção do projeto políticopedagógico e a importância
do coordenador como articulador na organização do trabalho pedagógico.
FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA
Na década de 70 as instituições de ensino sofreram violentas críticas sociológicas e passaram a ser identificadas como reprodutoras da desigualdade social, e o diploma, tanto almejado e por poucos alcançado, deixava de ser o mito da ascensão social. Tudo isso contribuiu muito para desestabilizar os educadores, pois o papel da escola já não estava mais tão evidente e sua função social deveria ser redefinida.
A partir dos anos 80, ocorrem algumas
mudanças em torno da função social da escola, passando a ser vista como
um importante espaço na concretização das políticas educacionais,
deixando de ser a continuidade da mantenedora, ou seja, já começa a dar
alguns passos rumo à autonomia.
Canário (1992) coloca que com este
espaço a escola passa a ser reconhecida como uma organização social,
inserida num contexto local, com uma identidade e cultura próprias, um
espaço de autonomia a construir e descobrir, susceptível de se
materializar num projeto educativo.
Atualmente a sociedade vive uma grande
transformação de valores, como o consumismo exagerado, a lei do mais
esperto, mais forte, a política do descartável, que atingem diretamente a
educação, refletindo na família, que procura compensar suas faltas com
materialismo ou exagerando nas atividades extracurriculares de seus
filhos, muitas vezes deixando de transmitir valores e dar limites.
Como conseqüência, podemos observar a
desresponsabilização social que ocorre, pois a família e a sociedade
delegam à escola a função de educar e cobram dela todos os fracassos
sociais que por ventura venham ocorrer, porém é ilusão acreditar que
somente a escola dará conta da formação integral do indivíduo.
Educação é responsabilidade que compete à
sociedade em seu conjunto, exige o compromisso e a responsabilidade
compartilhada da sociedade e da comunidade na qual a escola está
inserida.
A escola precisa estar atenta ao seu
contexto, sua comunidade, seus valores, interesses e necessidades e não
se eximir de suas responsabilidades, procurando cumprir o seu papel da
melhor forma possível.
O cotidiano escolar apresenta a natureza
das práticas, das ações desenvolvidas, realizadas em seu interior, pois
na medida que se conhece a realidade da escola é possível entender
melhor as decisões que a escola efetiva através de seus diferentes
atores.
O cotidiano da escola envolve não só
questões específicas do currículo escolar, mas também todas as questões
de relações de poder, do saber, de afeto, de emoção, que estão em
determinado tempo, fazendo parte da vida do aluno e do professor.
A fim de que se concretize a função
educativa da escola, gerenciando da melhor maneira possível às diversas
relações que perpassam pelo cotidiano escolar, é de fundamental
importância que o coordenador pedagógico:
- Compreenda a escola como reflexo de
uma postura filosófica/política e ideológica de um contexto histórico e
cultural, no qual encontra-se inserida.
- Compreenda a função da escola como
organismo social, capaz de reproduzir ou transformar práticas sociais e
contextos socioeconômicos e políticos vigentes.
Portanto, é necessário que as questões
sobre a educação sejam repensadas em conjunto com toda sociedade:
família, escola, comunidade e que todos se comprometam com sua parcela
de responsabilidade para que futuramente não tenhamos que sofrer com as
conseqüências desse atual jogo de empurra, onde há vítimas e culpados.
Não podemos esquecer que é “a formação” das futuras gerações que está em
jogo, esperando e dependendo de bases sólidas e consistentes.
PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
No sentido etimológico, a palavra projeto vem do latim projectu, que significa lançar para diante. Plano, intento, desígnio. Empresa, empreendimento. Redação provisória de lei. Plano geral de edificação (FERREIRA, 1975, p. 1144).
A Lei de Diretrizes de Bases da Educação
Nacional (LDBEN) de 1996 diz que o projeto político pedagógico é um
documento de referência. Por meio dele, a comunidade escolar exerce sua
autonomia pedagógica, administrativa e financeira.
Também chamado de proposta pedagógico,
projeto educativo ou plano global, o projeto político-pedagógico pode
ser definido como o documento que rege a escola, com normas e
fundamentos que norteiam a prática pedagógica.
Além da Lei de Diretrizes de Bases
Nacional (LDBEN), o projeto político pedagógico deve considerar as
orientações contidas nas diretrizes curriculares elaboradas pelo
Conselho Nacional de Educação e nos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN).
Fazendo referência a visão de documento
Alarcão (2001) coloca que o projeto pedagógico da escola, na sua
dimensão de produto, é um documento. Mas esse projeto/documento resulta
de um processo sobre a missão da escola e o modo como ela se organiza
para cumprir essa missão. Mas, é também resultado de um processo de
vontade para concretizar, na ação, um projeto delineado, o que faz com
que ele, uma vez aprovado, se constitua como referência sistemática de
atuação e avaliação.
Por ser o projeto pedagógico um
documento de referência da escola nos aspectos legais e pedagógicos,
cabe ao coordenador a articulação no campo pedagógico, organizando a
reflexão, a participação e os meios para viabilizar a execução teórica e
prática do projeto.
Durante a construção, será exigido dos
participantes e principalmente dos coordenadores os três níveis de
competências que fazem parte da formação humana: conceitual,
procedimental e atitudinal.
Vasconcellos (2007) define como dimensão
conceitual ter conhecimento, clareza para discernir e elaborar a
síntese pessoal, bem como favorecer a coletiva.
O coordenador deve demonstrar
inteligência no trato das questões, saber argumentar, não ficar preso
aos aspectos formais, mas buscar que o assunto que está sendo discutido
no momento seja pertinente ao que está na pauta.
O autor faz referência à dimensão
procedimental como sendo o campo de formação e domínio por parte da
coordenação pedagógica é relativo ao saber-fazer, encontrar caminhos
para concretizar aquilo que se busca (métodos, técnicas, procedimentos,
habilidades). E por fim, destaca a dimensão atitudinal como a mais
difícil de ser trabalhada, justamente por envolver valores, interesses,
sentimentos, disposição interior e convicções.
A construção do projeto
político-pedagógico passa pela autonomia da escola e pela capacidade de
delinear sua própria identidade, devendo ficar claro que a escola é um
lugar de debate e diálogo, fundado na reflexão coletiva.
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO
A importância desses princípios está em garantir sua operacionalização nas estruturas escolares, pois uma coisa é
estar no papel, na legislação, na proposta, no currículo, e outra é
estar ocorrendo na dinâmica interna da escola, no real, no concreto. (Ilma Veiga)
O projeto político-pedagógico é o resultado do trabalho coletivo da comunidade escolar. Sua construção passa por várias etapas e pela divisão do trabalho, tentando sempre fugir da fragmentação, visando um trabalho interdisciplinar.
O projeto político-pedagógico é o resultado do trabalho coletivo da comunidade escolar. Sua construção passa por várias etapas e pela divisão do trabalho, tentando sempre fugir da fragmentação, visando um trabalho interdisciplinar.
O projeto político-pedagógico pode ser
visto como uma forma de organização do trabalho pedagógico que busca
facilitar o processo de aprendizagem e melhorar a qualidade de ensino.
Esta organização se dá em dois níveis: no da escola como um todo e no da
sala de aula na prática diária do professor.
No caso específico do coordenador
pedagógico, sua função primeira é articular o grupo de professores para
elaborar o Projeto Político-Pedagógico da escola. Levar os professores a
definir objetivos comuns e a persegui-los em conjunto é tarefa que não
será atingida se não houver a constituição de um grupo coeso, embora a
coesão seja um processo lento e difícil. Na verdade, relações
interpessoais confortáveis são recursos que o coordenador usa para que
os objetivos do projeto sejam alcançados (ALMEIDA, 2001, p. 78).
Quando o coordenador pedagógico planeja
suas ações, atribui um sentido a seu trabalho (dimensão ética) e
destina-lhe uma finalidade (dimensão política) e nesse processo de
planejamento explicita seus valores, organiza seus saberes para realizar
suas intenções político-educacionais. Exerce, portanto a consciência de
sua sincronicidade.
Esse movimento é gerador de nova
consciência, que aponta para novas necessidades, gera novas
interrogações, propicia novas construções e novas transformações.
“Conversar com o professor é um trabalho que dá muito trabalho!”.
Isto porque o coordenador tem de
desalojar práticas instaladas e se propor dar espaço para o professor
falar sobre suas percepções (CLEMENTI, 1997).
A esse movimento, que ocorre de maneira
crítica e simultânea produzindo a compreensão do fenômeno educativo,
Placco (1994) denomina sincronicidade. Esse processo dinâmico é
responsável pela mediação da ação pedagógica, e para que essa mediação
alcance as metas definidas, ou seja, assuma a práxis de sua
transformação, “a sincronicidade deve ser vivida num processo consciente
e crítico”.
Portanto, o trabalho do coordenador
pedagógico é de fundamental importância na articulação das ações
educativas. As ações do coordenador bem planejadas e articuladas com a
comunidade escolar podem fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso
das ações da escola, conseqüentemente o sucesso do processo ensino e
aprendizagem e da relação professor e aluno.
FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR
Com o passar dos anos a atualização do professor é cada vez mais necessária, para que possa dar conta de toda a demanda do cotidiano escolar e assumir uma prática pedagógica coerente com o projeto político pedagógico.
Mas, infelizmente nem sempre é possível
estar atualizado e se formos elencar os motivos pelos quais a escola vem
perdendo seu espaço, entraríamos numa discussão infindável e cairíamos
no que costumamos presenciar no universo escolar, muitas queixas e
insatisfações por parte de alunos, pais, professores e gestores.
Precisamos analisar a situação sem
buscar justificativas para o não fazer, mas sim criar alternativas que
possam ser fundamentais para a inquietação contínua e busca de novos
saberes.
Para enfrentarmos a situação que nos
encontramos atualmente é necessário voltar na história da Educação e
questionar a formação dos professores, apresentando como ponto de
partida para as reflexões a qualidade de ensino e a prática docente.
Figueiredo (1996) fala sobre a expressão
“formação de professores” e questiona o que é formar? O terreno das
representações surge como fundamental quando indagamos acerca dos
pressupostos que orientam as ações no campo da formação docente: a
perspectiva do formar como um processo que proporciona referências e
parâmetros, superando a sedução de modelar uma forma única, e que
oferece um continente e uma matriz a partir das quais algo possa vir a
ser.
A formação contínua do professor passa a
ser um estudo constante de inquietações sem receitas prontas, geradas
no cotidiano da escola. Um momento oportuno para a realização deste
estudo pode ser durante as reuniões pedagógicas, pois em vez de abordar
assuntos fragmentados e burocráticos deveriam ser desenvolvidos estudos
pertinentes ao fazer pedagógico.
A transformação das reuniões pedagógicas
em momentos de formação é tarefa da equipe diretiva da escola, pois
como coordenadores desse processo devem oportunizar a comunicação e
interação entre os pares, resgatando a dimensão coletiva do trabalho
educativo.
Vasconcellos (2007) enfatiza que
assistir uma palestra de vez em quando não é o suficiente para o
educador enfrentar os desafios do cotidiano escolar, é necessário estar
sempre estudando, lendo, buscando novos conhecimentos.
A Coordenação Pedagógica e a Formação Contínua de Professores
Este capítulo tem a intencionalidade de
abordar temas que abrangem a formação contínua de professores à luz da
atuação do Coordenador Pedagógico em Escolas de Educação Básica.
O capítulo compõe-se de três âmbitos: no
primeiro abordaremos a gênese da formação continua dos professores; a
seguir, a atuação do Coordenador Pedagógico nesse processo e,
finalizamos com a elaboração de Projeto de Formação Contínua de
Professores na Escola Básica.
A GÊNESE DA FORMAÇÃO CONTÍNUA DOS PROFESSORES
A aprendizagem organizacional consiste na capacidade das organizações de criar, adquirir e transferir conhecimentos. (RIBEIRO; GARAFFA, 2007).
A aprendizagem nos meios organizacionais
faz-se necessária diante de um contexto caracterizado por mudanças,
incertezas e instabilidade que por sua vez geram novas demandas sociais,
culturais, econômicas e políticas.
E a escola?
A análise do pensamento de Alarcão
(2000, p. 13), sobre a conceituação da escola como “uma organização que
continuamente se pensa a si própria, na sua missão social e na sua
estrutura, e se confronta com o desenrolar da sua atividade num processo
avaliativo e formativo” permite considerar que a escola que ela
classifica de reflexiva, constitui-se numa organização de aprendizagem,
num processo permanente de repensar-se, avaliar-se e promover as
mudanças que o contexto local e mundial exige.
Assim, para caracterizar-se como uma
organização de aprendizagem, não basta à escola qualificar o aluno, mas
também todos os seus integrantes, tendo como destaque o professor,
através de um processo permanente de formação, coordenado pelo
Coordenador Pedagógico.
Por que destaque à aprendizagem dos professores?
Porque os professores são profissionais
imprescindíveis nos processos de mudança da sociedade, proporcionando,
através de sua atuação docente, contribuição à formação humanística,
cultural, ética, científica e tecnológica de seus alunos: crianças,
adolescentes e jovens. Caso a escola deixe os professores fora do âmbito
das decisões pedagógicas e curriculares, estas não se efetivarão, não
gerarão efeitos na sociedade, razão pela qual governo, mantenedoras,
instituições de ensino superior e escolas deve investir na sua formação e
desenvolvimento profissional.
De acordo com o pensamento de Pimenta e
Severino (2005), a democratização do ensino, no Brasil, passa pela
formação, valorização e condições de trabalho do professor. Daí a
importância de investimento no contínuo desenvolvimento dos professores.
Ainda segundo esses autores, o processo
de valorização profissional envolve formação inicial e continuada,
articulada, identitária e profissional. Essa formação identitária é
epistemológica, ou seja, reconhece a docência como um campo de
conhecimentos específicos configurados em quatro grandes conjuntos
(PIMENTA; SEVERINO, 2005, p. 13).
Esses quatro conjuntos são constituídos de conteúdos
- das diversas áreas do saber e do ensino (das ciências humanas e naturais, da cultura e das artes);
- didático-pedagógicos vinculados à prática docente;
- de saberes pedagógicos mais abrangentes;
- vinculados ao esclarecimento do sentido da existência humana individual, com sensibilidade pessoal e social.
- didático-pedagógicos vinculados à prática docente;
- de saberes pedagógicos mais abrangentes;
- vinculados ao esclarecimento do sentido da existência humana individual, com sensibilidade pessoal e social.
A construção das propostas de formação
continuada dos professores deve reconhecer a capacidade dos professores
de participar e decidir. Dessa forma, não há o risco de a prática
docente constituir-se apenas na execução das determinações pedagógicas e
curriculares propostas por outras instâncias educativas: gestores,
mantenedoras, outras.
As ações de participação e decisão
requerem dos professores uma superação de uma eventual uma visão
precária do conhecimento, matéria prima de seu fazer pedagógico,
conforme o pensamento de Becker (2003).
Esse autor ainda questiona as condições
do professor para propor e dialetizar as relações entre professor e
aluno, entre ensino e aprendizagem, entre ciência e conhecimento, se
ele, professor, não possui uma visão dialética. E continua questionando
como um professor, cujo embasamento epistemológico é anticonstrutivista e
antiinteracionista, pode conceber o conhecimento como uma construção.
Assim, o professor só se efetivará como
agente de mudanças “se ampliar sua consciência sobre a própria prática, a
de sala de aula e a da escola como um todo, o que supõe os
conhecimentos teóricos e críticos sobre a realidade” (PIMENTA; SEVERINO,
2005, p. 13).
A FORMAÇÃO CONTÍNUA DOS PROFESSORES COMO ESPAÇO PRIVILEGIADO DE ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
A elaboração de propostas para a formação contínua de professores configura uma das mais significativas atuações do coordenador pedagógico nesse espaço de mudanças que constitui-se a escola.
A pesquisa realizada por Medina (2002)
aponta a produção do professor como o objeto de trabalho do coordenador
pedagógico. Essa produção manifesta-se na aprendizagem do aluno. Assim, o
coordenador pedagógico contribui para um desempenho docente mais
qualificado, opondo-se a uma atuação linear, hierarquizada e
burocrática.
Segundo Medina (2002, p. 155) o
coordenador pedagógico “assume uma posição de problematizador do
desempenho docente”. Dessa forma, expressa um posicionamento de indagar,
comparar, responder, opinar, duvidar, questionar, apreciar, revelar
situações de ensino em geral e, em especial, as classes regidas pelo
professor.
O coordenador pedagógico, no dizer de
Medina (2002, p. 159), que tiver como ponto de partida e de chegada o
pensamento de que a escola, como instituição social, precisa ser pensada
dialeticamente, cria um espaço novo e diferente daquele que,
historicamente, foi ocupado e que se caracterizou pelo controle e,
também, também, como refúgio burocrático.
Esse posicionamento problematizador do
desempenho docente, torna o coordenador pedagógico um agente de mudanças
e ao mesmo tempo constitui-se num imenso desafio. E como enfrentá-lo?
A garantia de efetividade da atuação do
coordenador pedagógico na intencionalidade de qualificar o trabalho
docente depende de muitos fatores. Entre eles, destacam-se:
- reflexão contínua sobre as mudanças na
sociedade que se refletem na escola, demandando novos saberes, novos
posicionamentos, novas metodologias;
- definição da intencionalidade e planejamento do trabalho a ser desenvolvido;
- estabelecimento de canais de comunicação e colaboração consistentes com os professores criando um clima de confiança de modo que os professores possam reconhecer seus saberes e os aspectos que necessitam ser superados e aperfeiçoados;
- articulação do trabalho de formação contínua ao projeto político pedagógico da escola para que o professor tome consciência de sua ação sobre o contexto no qual atua;
- identificação de espaços/tempo em que a formação continuada dos professores se concretize;
- aceitação dos professores em suas singularidades, tanto individuais quanto coletivas.
- definição da intencionalidade e planejamento do trabalho a ser desenvolvido;
- estabelecimento de canais de comunicação e colaboração consistentes com os professores criando um clima de confiança de modo que os professores possam reconhecer seus saberes e os aspectos que necessitam ser superados e aperfeiçoados;
- articulação do trabalho de formação contínua ao projeto político pedagógico da escola para que o professor tome consciência de sua ação sobre o contexto no qual atua;
- identificação de espaços/tempo em que a formação continuada dos professores se concretize;
- aceitação dos professores em suas singularidades, tanto individuais quanto coletivas.
Ainda, segundo o pensamento de Thurler (2002, p. 90) os professores precisam ser considerados como:
[...] atores plenos de um sistema
que eles devem contribuir para transformar, no qual devem engajar-se
ativamente, mobilizando o máximo de competências e fazendo o que for
preciso para que possam ser construídas novas competências a curto ou
médio prazo.
A autora citada argumenta a favor de um
processo de formação contínua duradouro contrapondo-se a algumas ações
de formação concentradas em poucos dias, em jornadas intensivas. Propõe
uma concepção de formação contínua mais abrangente composta por um
conjunto de formas de interação e de cooperação que possibilitem a
criação de condições para a pesquisa-ação, a prática reflexiva e a
profissionalização interativa e estimulem a sinergia das competências
profissionais de todos.
A ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA DOS PROFESSORES
A proposição de um projeto de formação contínua, mesmo que sobre a liderança do coordenador pedagógico, não prescinde do apoio dos demais gestores da escola e será elaborado de acordo com as demandas identificadas pelo coletivo da escola.
A elaboração do projeto configura um
processo de construção de conhecimentos e compreensão da realidade
vinculado à construção do compromisso para transformar e inovar a
escola, como, também, prever tempo/espaço e recursos para executá-lo,
sustentado nos seguintes princípios à luz do pensamento de Sánchez Núñez
(2008):
- realista - focalizar na realidade
educativa da escola, detectando as necessidades de mudanças e
contrapondo-se a qualquer desvinculação do projeto de formação contínua
da prática educativa desenvolvida na escola;
- coerente - de modo que as estratégias que serão propostas sejam adequadas aos objetivos propostos pelo projeto;
- flexível - de forma que diante de determinadas circunstâncias haja a possibilidade de introduzir ações que sejam de interesse imediato dos professores e não previstas no projeto;
- viável - adequado aos recursos e possibilidades disponíveis na escola;
- processo de aprendizagem dinâmico - garantindo a aprendizagem em serviço e a aplicação do aprendido na prática;
- articulação entre a teoria e a ação de forma que a teoria sirva de referência à prática e a prática à teoria;
- auto-avaliação como estratégia de melhoria da prática docente, promovendo o coletivo dos professores e o desenvolvimento cooperativo;
- consideração dos saberes e experiências dos professores para que possam, depois de analisadas e avaliadas, desencadear processo de melhora na prática docente;
- assessoramento e apoio individualizado aos professores com o objetivo de oportunizar aos reflexões e a solução de problemas surgidos na prática docente;
- aprendizagem entre iguais de forma que os professores possam compartilhar saberes e práticas e debater problemas comuns;
- apoio institucional de modo que o projeto de formação docente componha o plano global da escola;
- diversidade dos agentes no desenvolvimento do programa possibilitando a participação de outros profissionais: gestores, especialistas, professores convidados, outros.
- coerente - de modo que as estratégias que serão propostas sejam adequadas aos objetivos propostos pelo projeto;
- flexível - de forma que diante de determinadas circunstâncias haja a possibilidade de introduzir ações que sejam de interesse imediato dos professores e não previstas no projeto;
- viável - adequado aos recursos e possibilidades disponíveis na escola;
- processo de aprendizagem dinâmico - garantindo a aprendizagem em serviço e a aplicação do aprendido na prática;
- articulação entre a teoria e a ação de forma que a teoria sirva de referência à prática e a prática à teoria;
- auto-avaliação como estratégia de melhoria da prática docente, promovendo o coletivo dos professores e o desenvolvimento cooperativo;
- consideração dos saberes e experiências dos professores para que possam, depois de analisadas e avaliadas, desencadear processo de melhora na prática docente;
- assessoramento e apoio individualizado aos professores com o objetivo de oportunizar aos reflexões e a solução de problemas surgidos na prática docente;
- aprendizagem entre iguais de forma que os professores possam compartilhar saberes e práticas e debater problemas comuns;
- apoio institucional de modo que o projeto de formação docente componha o plano global da escola;
- diversidade dos agentes no desenvolvimento do programa possibilitando a participação de outros profissionais: gestores, especialistas, professores convidados, outros.
O processo de elaboração do projeto
envolve um processo de maturação de idéias, caracterizado por
observações, análises, comparações, indagações, reflexões e
sistematizações. Assim, consiste num processo gradual que requer
reflexão, contínuas retomadas, compreensão das problemáticas que
envolvem o processo de ensino e aprendizagem e dos múltiplos aspectos
que constituem as problemáticas detectadas na escola. A participação do
coletivo dos professores na sua elaboração configura-se como condição
fundamental para vencer as resistências e as tensões que possam emergir,
além de promover o envolvimento e a sinergia fundamental para a eficaz
implementação do projeto (LÜCK, 2003).
ELEMENTOS DO PROJETO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA DOS PROFESSORES
A elaboração do projeto fundamenta, organiza, sistematiza e direciona a proposta de formação contínua de professores.
A estrutura de qualquer projeto
fundamenta-se no método científico, razão pela qual, tem em sua
estrutura os mesmos elementos, conforme. No entanto, dependendo de sua
finalidade, pode ter variações, destacando aspectos considerados
importantes.
Elementos básicos de um projeto
1. Identificação do projeto
2. Descrição da situação-problema
3. Proposição de objetivos
4. Definição de metas
5. Delineamento de método, estratégias e procedimentos
6. Especificação de cronograma
7. Identificação de recursos e custos
8. Proposição de monitoramento e avaliação (LÜCK, 2003, p. 92).
2. Descrição da situação-problema
3. Proposição de objetivos
4. Definição de metas
5. Delineamento de método, estratégias e procedimentos
6. Especificação de cronograma
7. Identificação de recursos e custos
8. Proposição de monitoramento e avaliação (LÜCK, 2003, p. 92).
Sugestão de elementos para compor um Projeto de Formação Contínua de Professores
1. Identificação do Projeto
- visa apresentar as informações básicas
para a caracterização do projeto: título, escola, setor, responsáveis
pela execução, clientela, duração.
2. Justificativa
- consiste na descrição da realidade
específica, através da caracterização de das situações que demandam ação
de inovação, de melhoria ou de transformação na escola.
3. Proposição de objetivos
- determina os resultados que se pretende alcançar com a realização do projeto, alcançáveis no tempo previsto.
4. Definição de metas
- consiste na especificação quantitativa do projeto.
5. Fontes que subsidiaram a elaboração do projeto
- identificam a procedência do projeto,
tais como: Plano Global da Escola, Projeto Político Pedagógico, demandas
expressas pelos professores, pelos alunos, pela comunidade escolar em
geral, estudos teórico, outros.
6. Referências teóricas que sustentam o projeto
- referem-se aos fundamentos teóricos que sustentam o projeto.
7. Princípios que norteiam o Projeto
- expressam aos princípios que
fundamentam o projeto, tais como: realismo, coerência, flexibilidade,
viabilidade, articulação teoria e prática, outros.
8. Etapas
- consiste na descrição das etapas de elaboração do projeto, tais como:
- levantamento as necessidades de formação contínua dos professores, delineamento do projeto,
- apresentação e discussão com os professores e demais gestores da escola; efetivação de reformulações sugeridas,
- execução do projeto.
- levantamento as necessidades de formação contínua dos professores, delineamento do projeto,
- apresentação e discussão com os professores e demais gestores da escola; efetivação de reformulações sugeridas,
- execução do projeto.
9. Desenvolvimento do Projeto
- refere-se ao traçado dos múltiplos
tempos e espaços que constituirão a efetivação do Projeto, considerando a
disponibilidade e recursos disponíveis na escola:
Exemplos:
- Grupos de estudos sobre um tema específico
- Grupo de Estudos para análise do pensamento educativo de autor ou autores selecionados pelos professores
- Oficinas pedagógicas
- Mini-fóruns
- Orientações individuais
- Grupo de Estudos para análise do pensamento educativo de autor ou autores selecionados pelos professores
- Oficinas pedagógicas
- Mini-fóruns
- Orientações individuais
- Orientações ao desenvolvimento de carreira
- Plenárias pedagógicas
- Outras.
- Plenárias pedagógicas
- Outras.
10. Especificação do cronograma
- refere-se à especificação do tempo a ser disponibilizado ou necessário à execução do projeto.
11. Identificação de recursos e custo
- refere-se a descrição dos recursos e custos necessários à efetivação do projeto
12. Proposição de monitoramento e avaliação
- refere-se ao conjunto de procedimentos
de monitoramento da execução do projeto e avaliação e dos resultados,
para assegurar a sua execução, no tempo previsto, com os recursos
disponíveis, e, acima de tudo, identificar a necessidade de medidas
corretivas durante o processo, de modo que se assegure, no decorrer de
toda a sua execução, o alcance dos objetivos e das metas previstas
(LÜCK, 2003)
As Múltiplas Implicações da Prática do Coordenador Pedagógico
O
coordenador pedagógico dentre suas várias atribuições possui um dos
mais fundamentais papéis, o de ser mediador de todo o processo
pedagógico, articulando as diferentes relações inerentes do cotidiano
escolar, organizando o produto da reflexão dos segmentos, do
planejamento e da avaliação da prática. O presente capítulo tem o
objetivo de enfocar o papel do coordenador pedagógico no contexto
escolar abordando aspectos como: formação do pedagogo, planejamento,
avaliação e acompanhamento pedagógico.
AS IMPLICAÇÕES HISTÓRICAS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA
A Pedagogia, no Brasil, vive um grande paradoxo: enquanto é verificada uma imensa pedagogização da sociedade com o impacto das inovações tecnológicas, da informática dos meios de comunicação, da difusão cultural e científica e da propaganda; no meio educacional ela se encontra no descrédito, assim como a atividade docente. (José Carlos Libâneo)
Há uma tradição na história da formação
de professores no Brasil, segundo a qual o pedagogo é alguém que ensina
algo e o curso de pedagogia seria um curso de formação de professores
para as séries iniciais. Essa idéia permanece viva na experiência de
muitos que não entendem, ou não tiveram a oportunidade de perceber que a
Pedagogia se ocupa com todo o processo educativo e ao mesmo tempo é uma
diretriz orientadora da ação educativa. Dentro dessa visão “o Pedagogo”
é um profissional que atua em várias instâncias da prática educativa,
direta ou indiretamente ligadas à organização de saberes e ações
pedagógicas.
Segundo Libâneo, o grande paradoxo em
que nos encontramos hoje em relação à Pedagogia, está extremamente
ligado a ampliação e inovações tecnológicas, as quais, trazem atrativos
pedagógicos bem claros e perceptíveis, deixando o meio educacional com
mais descrédito ainda.
Partindo disso, como administrar nossa
identidade de Pedagogo com este complexo campo de trabalho que é a
Educação? O qual nos leva, muitas vezes, a coordenadas inseguras, perda
de sentido e de referências.
Afinal de contas, qual o papel do
Pedagogo? Diversas são as reclamações que emergem do cotidiano dos
coordenadores: sentem-se sozinhos, lutando em muitas frentes, tendo que
desempenhar várias funções. Qual seria sua efetiva identidade
profissional? A sensação que se têm, com freqüência é de que são
‘bombeiros’ a apagar os diferentes focos de ‘incêndio’ na escola, e no
final do dia vem o amargo sabor de que não se fez nada de muito
relevante [...] Sentem ainda o distanciamento em relação aos
professores, a desconfiança, a competição, a disputa de influência e de
poder (VASCONCELLOS, 2007, p. 85).
Considerando o tradicional
distanciamento na formação e na prática dos pedagogos, não se tem
mediação adequada entre as diferentes linguagens produzidas nesses
diversos âmbitos de atuação do Pedagogo.
É necessária a busca por sua identidade,
para que possa dar um novo significado em sua prática, tentando superar
as dificuldades encontradas neste campo de trabalho, as quais, muitas
vezes decorrentes de limitações próprias e/ou, dificuldades em traduzir
em suas práticas a riqueza de seus conhecimentos.
Portanto, devemos analisar as causas de
tais atitudes, nos localizando no movimento da história, a fim de
entender como chegamos ao descrédito da prática pedagógica. Devemos
reconhecer que as propostas de mudança, muitas vezes foram implantadas
de cima para baixo, sob o amparo do tecnicismo, num contexto de
desqualificação da formação e desvalorização profissional.
OS MÚLTIPLOS PAPÉIS DO COOORDENADOR PEDAGÓGICO
A figura 2 define as múltiplas ações do
coordenador pedagógico, fazendo um paralelo entre sua prática e a
concepção sócio-histórica do contexto escolar.
É destacado no esquema da figura 2, o
trabalho do coordenador pedagógico como um dos principais eixos que
norteiam o processo pedagógico, valorizando a análise da realidade
através da ligação e interligação de todos atores do contexto escolar,
objetivando um movimento de construção e reconstrução coletiva,
enfatizando algumas das principais ações deste profissional:
a) Articulação - Realizar a análise e
avaliação diagnóstica, articulando-se com os múltiplos atores
envolvidos, visando identificar a solução para situações-problema da
escola, devendo ser capaz de ler, observar e congregar as necessidades
dos que atuam na escola. As idéias devem ser construídas, discutidas e
implementadas por todos os envolvidos. O coordenador deve articular e
motivar a adesão e o compromisso do grupo.
b) Intervenção - Direcionar o grupo, a
manter o foco nos aspectos da realidade escolar, buscando relacionar
teoria e prática, desencadeando um trabalho de acompanhamento da ação
docente, que privilegie a reflexão crítica da prática do professor,
movimentando-o para a mudança, enquanto pesquisador de sua própria
prática.
c) Mediação - Resgatar a dimensão
coletiva do trabalho educativo, considerando as experiências, os
interesses e o modo de trabalhar do professor, bem como criar condições
para questionar sua prática e disponibilizar recursos para modificá-la;
para isso é necessário possuir conhecimentos gerais e específicos que
lhe permitam desempenhar uma série de atividades que visem à melhoria
constante do processo de ensino aprendizagem.
d) Auto-avaliação - A estratégia de
acompanhamento e avaliação da ação pedagógica estrutura-se como um
processo, ou seja, numa contínua análise da prática, na busca de
esclarecimento e compreensão, reflexão e solução para os problemas, como
forma de obter a qualidade do processo educativo.
Vasconcellos (2007) define como um dos
principais papéis da supervisão a disposição de criar condições para que
o professor descubra a melhor forma de ajudar o aluno a aprender.
Alarcão (2001) salienta que função do
supervisor, também pode ser compreendida como um processo em que um
professor, em princípio mais experiente e mais informado, orienta um
outro professor ou candidato a professor no seu desenvolvimento humano e
profissional.
PLANEJAMENTO
O planejamento se configura como um dos
mais importantes elementos do processo pedagógico, devendo ser utilizado
como ponto de partida para se conhecer melhor e refletir sobre a
realidade em que se pretende atuar. Podemos dividir o planejamento em
diferentes etapas, em primeiro momento selecionando os meios para
intervir tendo em vista a mudança pretendida, em um segundo momento
fazendo a reflexão sobre os resultados obtidos, por fim construindo uma
nova proposição de metas. Isto significa dar prioridade ao planejamento
como um processo dialético (ação-reflexão-ação), deixando de lado os
registros meramente formais, estáticos, distantes da realidade.
Um plano não é mais que um documento de
trabalho, cuja importância é somente momentânea; quando surge sob forma
impressa, está ultrapassado. O estabelecimento de um plano, isto é, o
exercício do pensamento planificador, é algo infinitamente mais
importante que um livro elegantemente apresentado e intitulado: ’Plano
de Seis Anos’ (FRIEDMANN, 1959, p. 348).
Esse mesmo autor, refere-se a diferentes
modos de pensamento a nível da planificação: pensamento objetivo,
analítico, integrativo, projetivo, experimental e utópico, referindo-se
também a imaginação estética.
Pensando nas modificações que
historicamente foram delineando a educação, podemos observar que o ato
de planejar com tendências burocratizantes, enfatizou muito mais o
produto final, ou seja, a papelada contendo gráficos mais complicados
possíveis e objetivos definidos conforme a visão do professor do que o
aluno seria capaz de atingir, contribuíram muito para a descrença no
planejamento.
Por isso hoje a tarefa de planejar é bem
mais complexa, não se trata de ter condições de planejamento, mas de se
resgatar o significado e dar a importância devida a este elemento
indispensável para o sucesso do Projeto Político- Pedagógico.
Assim, estaremos dando um sentido bem
mais profundo e coerente à seleção de conteúdos, dos procedimentos
metodológicos e dos instrumentos de avaliação, assegurando sua perfeita
integração.
Segundo Vasconcellos (2007), é no
cotidiano escolar que estas grandes dimensões do planejamento costumam
se traduzir para o professor, quando ele se preocupa com “o quê” vai ser
ensinado, como vai ser trabalhado, por quê e para quê vai ser
trabalhado e como vai se saber se os alunos estão assimilando ou não e o
que fazer diante disto.
Podemos perceber que para planejar é
necessário o conhecimento da realidade do contexto escolar, analisando e
selecionado conteúdos que contribuirão para um ótimo desenvolvimento do
ensino-aprendizagem. Utilizando uma metodologia diversificada e
adequada às necessidades do educando, os professores constatarão se
houve ou não crescimento na aprendizagem, refletindo assim, em novas
estratégias na prática pedagógica.
ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO
A minha abertura ao querer bem significa a minha disponibilidade à alegria de viver. Justa alegria de viver, que, assumida plenamente, não permite que me transforme num ser ‘adocicado’ nem tampouco num ser arestoso e amargo. (Paulo Freire)
A atuação do coordenador no cotidiano
escolar requer uma sistematização mais visível, como forma de
possibilitar a melhoria da sua intervenção ao longo do ano letivo. Com o
registro das situações encontradas, das intervenções feitas, das
leituras sugeridas, das reflexões efetuadas na escola, o coordenador
terá subsídios mais concretos para dar continuidade às suas ações e
intervenções na prática pedagógica desenvolvida pelo professor,
tornando-se cada vez mais um parceiro deste profissional e assim,
contribuindo significativamente na construção de um projeto educativo
que resulte no sucesso do aluno.
Neste sentido, é importante refletirmos
sobre a diferença de acompanhar e fiscalizar, pois normalmente ao
acompanhar o trabalho do professor muitas vezes o coordenador pedagógico
é visto como um fiscal, função esta que não trará muitos créditos para o
desenvolvimento significativo e de interação para a construção coletiva
do projeto escolar.
Um dos fundamentais passos do
acompanhamento pedagógico é a avaliação, portanto avaliar o processo
pedagógico conduz à reflexão com dados concretos sobre o que acontece de
fato na escola, possibilitando obter informações úteis ao nível de sala
de aula, tendo em vista os objetivos estabelecidos para o processo de
escolarização.
Deixar de acompanhar e avaliar a escola
pode significar deixá-la num caminho que produza como conseqüência final
a sua ineficácia.
Avaliar tem com certeza três lados:
aluno, professor e os demais membros da equipe pedagógica da unidade
escolar. Avaliar o aluno traz sempre consigo a avaliação da prática
pedagógica do professor e do trabalho pedagógico desenvolvido pela
escola. Assim, se há problemas de aprendizagem, há também problemas de
ensino e de organização da gestão escolar.
É importante também oferecer suporte e
auxílio para a prática no cotidiano escolar, e para isso será necessário
que o coordenador pedagógico utilize freqüente e diversificado
instrumento de avaliação para acompanhar mais sistematicamente o
processo educativo, propondo intervenções na prática do professor, a fim
de contribuir para atingir a excelência no ensino-aprendizagem.
Assim, o papel do coordenador pedagógico
como parceiro do professor e da equipe escolar, é estar levando o grupo
a refletir sobre a proposta pedagógica desenvolvida na escola e
orientar o fazer pedagógico.
Para isso, é importante que no acompanhamento pedagógico seja observado:
- As necessidades de aprendizagem dos alunos.
- O trabalho coletivo respeitando o ponto de vista dos colegas.
- A Interação com a comunidade escolar (interna e externa).
- A visão integrada e dinâmica do currículo em relação à realidade.
- O trabalho na perspectiva interdisciplinar.
- O trabalho coletivo respeitando o ponto de vista dos colegas.
- A Interação com a comunidade escolar (interna e externa).
- A visão integrada e dinâmica do currículo em relação à realidade.
- O trabalho na perspectiva interdisciplinar.
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